Do Micro Ao Macro

Metade dos trabalhadores não chega ao fim do mês com salário, aponta Serasa

Estudo mostra melhora em relação a 2024, mas endividamento e falta de reserva seguem como desafios

Metade dos trabalhadores não chega ao fim do mês com salário, aponta Serasa
Metade dos trabalhadores não chega ao fim do mês com salário, aponta Serasa
saúde financeira dos trabalhadores brasileiros
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Mais da metade dos trabalhadores brasileiros (54%) não consegue chegar ao fim do mês apenas com o salário, segundo a Pesquisa de Saúde Financeira e Bem-Estar do Trabalhador Brasileiro 2025, realizada pela SalaryFits, empresa da Serasa Experian.

Apesar do alto percentual, o dado representa melhora em relação a 2024, quando 62% enfrentavam o mesmo problema.

De acordo com o levantamento, a parcela de profissionais que consegue manter o salário durante todo o mês passou de 38% para 46% em um ano, avanço de oito pontos percentuais.

Controle financeiro limitado

O estudo aponta que apenas 20% dos entrevistados afirmam ter total controle sobre a vida financeira. A falta de controle é mais presente entre jovens da Geração Z, trabalhadores da Classe C, profissionais PJ e aqueles que atuam em empresas menores.

Em uma situação inesperada, somente um em cada quatro conseguiria arcar com uma despesa de R$ 10 mil, o que mostra a dificuldade em formar uma reserva de emergência.

Impacto na saúde

Segundo Délber Lage, CEO da SalaryFits, “parte dos trabalhadores, até mais do que no ano passado, está estável e consegue finalizar o mês com o salário na conta, indicando uma possível reorganização financeira. No entanto, para a outra metade, a realidade ainda é desafiadora. O custo de vida continua superior à renda para muitos, reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao crédito de forma mais adequada à realidade do trabalhador, além de incentivar práticas de planejamento e educação financeira.”

O levantamento mostra ainda que 66% dos entrevistados enfrentam problemas financeiros, o que gera consequências diretas no bem-estar: 43% relataram irritabilidade, 39% insônia e outros citaram aumento do estresse. Nos últimos 12 meses, 33% ficaram negativados.

Renda extra

Entre os que não conseguem sustentar o orçamento com salário, 49% recorrem a fontes de renda extra. As principais estratégias são o uso de linhas de crédito, como cartão, cheque especial e empréstimos, além do apoio da renda familiar ou atividades como freelancer. Há, porém, um grupo de 5% que não chega ao fim do mês e não possui alternativas, ficando em risco real de inadimplência.

Para esses casos, opções como empréstimos consignados ou renegociação de dívidas podem ajudar a evitar restrições futuras, aponta o estudo.

Destino do salário

A maior parte do orçamento dos trabalhadores vai para alimentação e contas básicas, como água, luz e gás. Em seguida, aparecem compromissos de médio e longo prazo, como financiamentos e empréstimos, além de consumo e educação.

Diferenças entre gerações

O uso da renda extra varia conforme a geração. Todas priorizam despesas fixas, mas com diferenças nos demais gastos. A Geração Z destina 13% da renda extra ao lazer e usa mais o cartão de crédito (17%). Já os Millennials concentram em quitação de empréstimos (15%) e alimentação (13%), enquanto a Geração X também destaca pagamento de dívidas (13%) e uso do cartão de crédito (14%).

Metodologia

A pesquisa coletou 1.029 entrevistas entre maio e junho de 2025, com trabalhadores CLT e PJ de empresas públicas e privadas em todas as regiões do Brasil. A amostra é equilibrada entre homens e mulheres, com idade média de 41 anos, abrangendo pessoas de 22 a 60 anos.

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