Mundo
Na ONU, Petro pede processo penal contra Trump por ataques no Caribe
A apuração, segundo o presidente da Colômbia, deve mirar o magnata por permitir ‘disparos contra jovens que queriam escapar da pobreza’


O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta terça-feira 23 na ONU a abertura de um processo penal contra seu homólogo americano, Donald Trump, por ter dado “a ordem” de atacar supostas lanchas de narcotraficantes no Caribe, ação em que morreram “jovens pobres” sem “armas para se defender”.
Os Estados Unidos lançaram nas últimas semanas pelo menos três ações ofensivas contra embarcações que supostamente se dirigiam ao seu país com drogas provenientes da Venezuela — eventos que, segundo Trump, resultaram em pelo menos 14 mortos.
Petro, que suspeita que algumas das vítimas eram colombianas, argumentou que o líder americano deve ser investigado por permitir “os disparos dos rifles contra os jovens que simplesmente queriam escapar da pobreza”, durante sua intervenção na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
O presidente de esquerda insistiu que os mortos não eram os grandes chefes dos cartéis, que na realidade “vivem” em Miami e “são vizinhos do presidente dos Estados Unidos”.
“Dizem que os mísseis no Caribe eram para deter as drogas. Mentira!”, acrescentou em um discurso enfático dirigido a Trump, que na semana passada retirou a Colômbia, maior produtor mundial de cocaína, da lista de países aliados dos Estados Unidos na luta contra as drogas.
Embora o ato não tenha implicado sanções, a retirada da certificação prejudicou a imagem de Petro, que Washington acusa de não fazer esforços suficientes para reduzir o número de cultivos ilegais no país sul-americano.
Petro, que deixará o poder em 2026, defende-se ao argumentar que sua administração realizou as maiores apreensões de cocaína da história e critica os Estados Unidos por não reduzirem a demanda.
“Aqui estão os consumidores”, acrescentou, apontando que Trump supostamente tem assessores que estão “aliados há décadas aos chefes do narcotráfico de cocaína na Colômbia”.
Os Estados Unidos são o principal aliado comercial e militar da Colômbia, mas desde a chegada de Trump ao poder, as relações com o governo de Petro se deterioraram por discrepâncias em temas como migração e tarifas impostas por Trump.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula é o 2º presidente mais popular da América do Sul; Milei cai para 5º
Por CartaCapital
‘Não é um quintal’: a nova mensagem da China aos EUA sobre a América Latina
Por CartaCapital
Líderes da oposição na Venezuela apoiam presença militar dos EUA no Caribe
Por AFP