Do Micro Ao Macro

Dia do contador expõe desafios e a relevância da profissão no Brasil

Mesmo com funções centrais para a economia e a sociedade, a profissão ainda enfrenta barreiras de reconhecimento no país

Dia do contador expõe desafios e a relevância da profissão no Brasil
Dia do contador expõe desafios e a relevância da profissão no Brasil
Hoje é o dia do contador: profissão ganha destaque para economia e sociedade
Apoie Siga-nos no

O Dia do Contador, celebrado neste 22 de setembro, chama atenção para a importância desses profissionais em um país onde sua atuação nem sempre é reconhecida em toda a dimensão.

No Brasil, ainda prevalece a visão de que o contador é responsável apenas por calcular tributos e atender às exigências fiscais.

Esse estereótipo resiste mesmo diante da complexidade do sistema tributário e do impacto crescente que a contabilidade exerce em diferentes esferas da economia.

Em países como Estados Unidos e Reino Unido, a profissão conquistou mais prestígio e visibilidade. Nessas economias, o contador é visto como um agente estratégico, com participação direta na governança corporativa, no funcionamento do mercado de capitais e na transparência das instituições públicas. Essa valorização também está relacionada ao entendimento de que informações contábeis confiáveis são decisivas para a eficiência da alocação de recursos e para o fortalecimento da democracia.

Para nos ajudar, o professor Fernando Dal-Ri Murcia, da FIPECAFI e da FEA/USP, explicou que a contabilidade exerce quatro funções principais que vão além do aspecto tributário e como a profissão influencia a economia e a sociedade.

Função contratual

De acordo com Murcia, os dados contábeis sustentam tributos, cláusulas de dívidas, distribuição de dividendos e pagamento de bônus a funcionários. Essas informações, presentes nos balanços, se tornam referência para contratos e compromissos assumidos por empresas de diferentes setores.

Função informacional

As demonstrações financeiras também oferecem suporte para decisões de bancos, investidores, conselhos e órgãos reguladores. Murcia explica que esses números influenciam concessão de crédito, definição de taxas de juros, decisões de compra e venda de ações e até ajustes de preços e tarifas em setores regulados.

Função de governança

Outro papel destacado é o de governança. Os balanços reduzem a assimetria de informações entre administradores e acionistas e permitem que credores avaliem o desempenho da gestão. No setor público, dados contábeis possibilitam que cidadãos acompanhem a aplicação de recursos por gestores e agentes políticos, fortalecendo o controle social.

Função educacional

A quarta função mencionada por Murcia é a educacional. Conceitos como ativo, passivo, receita e despesa, quando difundidos desde cedo, ajudam cidadãos a administrar melhor o orçamento familiar. Esse conhecimento pode reduzir endividamento e evitar gastos inadequados, como os ligados a apostas que comprometem a renda de muitas famílias.

Murcia ressalta que países que consolidaram sistemas contábeis robustos criaram condições mais favoráveis para o desenvolvimento econômico e social. No setor privado, empresas passam a ter maior capacidade de atrair investimentos e reduzir riscos.

Já no setor público, a transparência amplia a efetividade de programas governamentais. No Brasil, o desafio permanece: ampliar o reconhecimento da profissão contábil e colocá-la no mesmo patamar de valorização já alcançado em outras economias.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo