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‘Chegou o momento da paz’: França reconhece o Estado da Palestina na ONU
A decisão, apoiada por outros países europeus, enfrenta forte oposição de Israel e dos Estados Unidos


A França anunciou oficialmente nesta segunda-feira 22 o reconhecimento do Estado da Palestina. A decisão histórica, anunciada pelo presidente Emmanuel Macron, é apoiada por outros países europeus, mas enfrenta forte oposição de Israel e dos Estados Unidos.
“Declaro que a França reconhece hoje o Estado da Palestina”, afirmou o presidente francês na tribuna das Nações Unidas, durante uma Conferência para a implementação da solução de dois Estados e a resolução pacífica da questão da Palestina, coorganizada por Paris e Riade. “Chegou o momento”, disse o chefe de Estado.
“Esse reconhecimento do Estado da Palestina é uma derrota tanto para o Hamas quanto para todos aqueles que alimentam o ódio antissemita, que fomentam obsessões antissionistas e desejam a destruição do Estado de Israel”, prosseguiu Emmanuel Macron, cuja declaração foi aplaudida.
Na visão do presidente francês, “esse reconhecimento abre o caminho para uma negociação útil tanto para israelenses quanto para palestinos. Esse caminho é o do plano de paz e segurança para todos que a Arábia Saudita e a França submeteram à votação desta Assembleia, que o aprovou por ampla maioria.”
Em um discurso que buscou equilíbrio, o presidente pediu a libertação dos 48 reféns israelenses sequestrados pelo Hamas e afirmou que “nada justifica a continuação da guerra em Gaza”. Segundo ele, “existe uma solução para romper o ciclo da guerra e da destruição.”
A França havia anunciado em julho sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina, abrindo caminho para uma iniciativa semelhante de outros países ocidentais, especialmente o Reino Unido.
“Não podemos mais esperar”
“O tempo da paz chegou, pois estamos a instantes de não mais poder alcançá-la”, disse Emmanuel Macron. “Alguns dirão que é tarde demais, outros dirão que é cedo demais. Uma coisa é certa: não podemos mais esperar.”
Durante a cúpula, realizada na véspera do primeiro dia do debate geral da 80ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, outros cinco Estados devem formalmente tomar a mesma decisão.
Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, decidiram boicotar a cúpula franco-saudita. O embaixador israelense nas Nações Unidas, Danny Danon, denunciou um “circo” e uma “recompensa” ao Hamas.
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