Do Micro Ao Macro
O que o boom do ‘morango do amor’ ensina sobre finanças para pequenos negócios
Especialista mostra como usar tendências passageiras para lucrar de forma consistente e fortalecer o caixa


O “Morango do Amor” virou febre em 2025 e se espalhou rapidamente nas redes sociais. A receita que mistura morango, brigadeiro e caramelo movimentou confeitarias e elevou o preço da fruta.
Na Ceagesp, em São Paulo, o quilo do morango passou de R$ 23,00 para R$ 48,07 em menos de um mês, um aumento de 107%.
O fenômeno mostrou que aproveitar tendências pode gerar faturamento extra e até consolidar negócios.
Para Thaisa Durso, educadora financeira da Rico, o caso serve de exemplo para aplicar conceitos de gestão que ajudam a transformar um boom passageiro em resultados duradouros.
Custos fixos: a base da operação
Custos fixos não mudam com o volume de vendas. Aluguel, contas de internet, energia mínima, salários e manutenção do espaço permanecem iguais, independentemente da produção.
Compreender esse montante é indispensável para planejar o mínimo de faturamento que evita prejuízo.
Assim, mesmo em períodos de baixa demanda, o empreendedor consegue dimensionar o impacto das despesas.
Custos variáveis: os morangos que acompanham a produção
Custos variáveis aumentam conforme o número de unidades vendidas. No caso do doce, incluem morangos, chocolate, leite em pó, açúcar, embalagens e até taxas de cartão.
Quando o preço da fruta subiu durante a febre, o custo de cada unidade acompanhou o movimento. Essa dinâmica reforça a importância de ajustar preços e acompanhar o impacto dos insumos.
Margem de lucro: o sabor que garante retorno
A margem de lucro mostra se cada venda realmente gera ganho. No exemplo do “Morango do Amor”, vendido a R$ 12,00, o custo variável de R$ 4,00 deixa R$ 8,00 para cobrir despesas fixas e depois gerar lucro.
Isso representa uma margem de contribuição de 66,67%. Em negócios sazonais, margens saudáveis permitem formar reserva financeira para enfrentar oscilações de demanda.
Ponto de equilíbrio: o placar do zero a zero
O ponto de equilíbrio indica quantas unidades precisam ser vendidas para pagar todos os custos.
Se os custos fixos mensais somam R$ 1.400,00 e cada doce gera R$ 8,00 de margem, são necessárias 175 unidades para zerar as contas.
Esse cálculo mostra se o negócio está lucrando ou não. Ajustar preços, reduzir custos ou negociar insumos ajuda a diminuir o ponto de equilíbrio e antecipar o lucro.
Separe finanças pessoais e do negócio
Misturar contas pessoais e empresariais gera confusão. Abrir uma conta exclusiva para o negócio permite registrar entradas e saídas com clareza.
Definir um pró-labore fixo também ajuda a manter disciplina. Isso garante que a remuneração do empreendedor não comprometa o fluxo de caixa da empresa.
Lições do “Morango do Amor”
A tendência mostrou que agir rápido faz diferença. Quem adaptou o cardápio e aproveitou o momento conseguiu vender mais.
Mas o aprendizado principal vai além das vendas: planejamento financeiro e gestão do caixa transformam oportunidades em resultados sustentáveis.
Criar reserva de emergência equivalente a três a seis meses de despesas protege contra imprevistos e evita endividamento caro.
Para Durso, a receita completa inclui custos controlados, ponto de equilíbrio calculado e disciplina para separar as finanças pessoais da empresa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.