Política
Nas redes, PEC da Blindagem tem 83% de menções negativas, mostra Quaest
Entre os destaques das postagens estão críticas a Hugo Motta e os atos deste domingo pelo país


O termômetro das redes sociais deixa clara a impopularidade da PEC da Blindagem junto à sociedade brasileira. Levantamento divulgado neste sábado 20 pelo instituto Quaest mostra que 83% das menções sobre o tema nos últimos dias foram negativas, contra apenas 17% positivas.
Os dados foram coletados entre a terça-feira 16 (dia que os deputados aprovaram o texto a toque de caixa) e a sexta-feira 19. Nesse meio-tempo, houve ainda a manobra de quarta-feira 17 para virar a mesa e retomar a garantia da votação secreta entre os parlamentares para autorizar (ou não) a abertura de processos criminais contra deputados ou senadores acusados de crime.
A Quaest contabilizou 2,3 milhões de menções no Instagram, no Facebook, no X (antigo Twitter), no YouTube, no Reddit e em sites de notícias, buscando de palavras-chave relacionadas ao caso. Essas postagens atingiram, segundo o levantamento, 44 milhões de pessoas por hora.
O instituto de pesquisa destaca que o tema, apesar de ter mobilizado um grande número de pessoas, teve volume de publicações menor que outros assuntos de destaque nas últimas semanas, como a prisão domiciliar e o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, assim como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Câmara dos Deputados e seu presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB), foram diretamente mencionados em 46% das postagens negativas sobre a PEC da Blindagem. Outras 40% citavam as manifestações previstas para domingo 21, em diversas regiões do país – sendo que 12% delas citavam a mobilização de artistas e personalidades. Houve ainda 15% das postagens associando o caso com a proposta de anistia para golpistas e o julgamento de Bolsonaro.
As manifestações positivas sobre a PEC da Blindagem (17% do total) vieram de parlamentares e militantes bolsonaristas e, em geral, traziam críticas ao STF e menções a decisões relativas à Operação Lava Jato beneficiando Lula e outras figuras de esquerda.
A Quaest também monitora grupos de WhatsApp, Telegram e Discord, e percebeu que o tema teve muito mais menções em grupos de esquerda (onde atingiu 11% do volume total de mensagens) do que nos de direita (representando apenas 2% do total). Enquanto isso, os participantes dos grupos de direita preferem falar, principalmente, sobre mobilizar a militância contra o STF.
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