Política

Repercussão negativa faz deputados pedirem desculpas por voto na PEC da Blindagem

Parlamentares dizem que foram alvos de comentários e cobranças de eleitores após as votações do projeto

Repercussão negativa faz deputados pedirem desculpas por voto na PEC da Blindagem
Repercussão negativa faz deputados pedirem desculpas por voto na PEC da Blindagem
O plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
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A repercussão negativa da aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados fez alguns parlamentares manifestarem arrependimento e até pedirem desculpas aos eleitores em postagens nas redes sociais.

Foi o caso, por exemplo, do deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), que é irmão mais novo do prefeito do Recife, João Campos (PSB) e filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 2014.

Pedro, que é líder da bancada pessebista na Câmara, foi um dos nove parlamentares da legenda a votar pela aprovação do texto (seis foram contrários). Ele disse que trabalhou para mudar pontos-chave do texto e tirar algumas das questões mais controversas, como o voto secreto para autorizar ou não as investigações (algo que chegou a ser derrubado, mas voltou à proposta após manobra no dia seguinte à votação original).

A ideia, segundo o parlamentar pernambucano, era tornar o texto menos abrangente e, então, aprová-lo. “Tenho a humildade em reconhecer que não escolhemos o melhor caminho e saímos derrotados”, afirmou o deputado, que disse ainda que pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a votação.

A deputada federal Sylvie Alves (União Brasil-GO) foi mais uma a gravar vídeo nas redes sociais se desculpando com os eleitores. Ela justifica que chegou a votar contra o projeto em primeira votação, mas foi coagida a mudar de posição em telefonemas de “pessoas influentes”.

“Eu fui covarde, cedi à pressão, por volta de quase 23h mudei meu voto. Eu não tive, naquele momento, força para fazer o correto”, disse a deputada, que é apresentadora de programa televisivo policialesco em Goiás. “Eu fui contra tudo aquilo que defendo, tudo aquilo que eu acredito”, apontou.

Diante das supostas ameaças, ela afirmou que pretende deixar o partido logo após a abertura da janela partidária em 2026.

A repercussão foi grande também contra deputados petistas, que deram 12 votos favoráveis ao projeto. CartaCapital entrou em contato com todos eles, e cinco responderam para apresentar justificativas.

Odair Cunha (PT-MG), Jilmar Tatto (PT-SP), Kiko Celeguim (PT-SP) e Airton Faleiro (PT-PA) citaram possíveis acordos com outros parlamentares para garantir a aprovação de outras pautas. Já Flávio Nogueira (PT-PI) negou que a PEC estimule a impunidade, e disse que seu voto foi dado em defesa das prerrogativas parlamentares.

O que é a PEC da Blindagem

A proposta retoma as regras originais da Constituição de 1988: deputados e senadores só podem ser processados criminalmente com autorização de suas respectivas Casas Legislativas, em votação secreta, sem registro nominal de votos e em até 90 dias após abertura de uma ação penal.

Inicialmente, a Câmara havia derrubado o voto secreto, mas líderes do Centrão articularam nova votação e conseguiram reintroduzi-lo — desta vez, com o apoio de oito petistas.

A votação ocorre em meio à tramitação de mais de 80 inquéritos no Supremo Tribunal Federal que investigam suspeitas de desvios em emendas parlamentares.

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