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Protagonista nas exportações, porto de Pecém cresce, diversifica e abre novos caminhos para a economia cearense no cenário internacional

O sol ainda desponta quando as primeiras operações já estão em curso no Porto do Pecém, na Grande Fortaleza. Guindastes se erguem sobre o cais, embarcações se alinham no terminal offshore e contêineres deslizam como peças de um tabuleiro gigante. Cada movimento traduz a escala de um porto que, em 2025, bate recordes e marca o papel do Ceará no comércio internacional.
De janeiro a abril, o Pecém viveu o melhor quadrimestre da sua história. Foram 220.376 TEUs – contêineres de cerca de 6 metros de comprimento – movimentados, uma alta de 37% ante o mesmo período do ano anterior. Ao todo, 6,67 milhões de toneladas passaram pelos píeres, 12,4% a mais que em 2024. A cabotagem somou 4,19 milhões de toneladas, com destaque para minérios, cereais, combustíveis minerais e ferro fundido. No embarque, saíram sal, ferro fundido, plásticos e combustíveis minerais. No longo curso, houve aumento de 14%, com desembarque de combustíveis minerais, ferro fundido, máquinas e plásticos, e embarque de ferro fundido, minérios, sal e frutas frescas.
Em maio, outro marco reforçou a curva de crescimento. Foram 387.690 toneladas de placas de aço embarcadas em um único mês, superando em 18,39% o recorde anterior. Produzidas na ArcelorMittal unidade Pecém, dentro da Zona de Processamento de Exportação, as placas seguiram para Estados Unidos, França, Polônia, Alemanha, Itália e para os portos de Praia Mole e Piaçaguera, no Brasil. Até maio, já eram 1,23 milhão de toneladas exportadas.
“Esse resultado demonstra nossa capacidade operacional em atender demandas de grande escala e reforça a integração estratégica com a ArcelorMittal Pecém”, diz Max Quintino, presidente do Complexo do Pecém. Ele projeta manter o ritmo até o fim do ano, apoiado por novos empreendimentos. “O Terminal de Tancagem e a chegada da Transnordestina devem ampliar ainda mais a competitividade. Outra novidade que contribuiu para os números foi a rota direta da China”, completa.
O aço lidera as exportações, mas o porto mantém diversidade. O minério de ferro segue para a China, enquanto frutas frescas como melões, mangas, melancias e uvas partem para a Europa. Sal, plásticos, máquinas e combustíveis minerais integram a lista de produtos que circulam entre cabotagem e longo curso. O embarque de frutas exige operação especializada, com controle de temperatura e rapidez no transporte para preservar a qualidade. Os granéis sólidos e líquidos mantêm fluxo constante, abastecendo indústrias e mercados.
Para o diretor comercial do Complexo, André Magalhães, o desempenho comprova a adaptação logística às exigências do mercado global. “A nova rota da Ásia, e a movimentação de materiais siderúrgicos e do minério de ferro, foram decisivas para o resultado. Já estamos negociando a exportação de novos produtos na área mineral e estudando criar uma rota regular para esse segmento”, contou.
O diretor de Operações, Roberto de Castro, vê no recorde do aço um resultado de planejamento e sinergia com os parceiros. “A marca histórica é fruto de excelência na gestão portuária e de um trabalho integrado com empresas como a ArcelorMittal”, aponta. O COO da siderúrgica, Kleber Beraldo, reforçou a importância dessa parceria: “Parte da qualidade da entrega aos clientes vem da relação profissional e próxima com o Porto do Pecém”.
A posição geográfica, próxima às principais rotas marítimas, permite ao Pecém receber navios de grande porte e encurtar distâncias para mercados como América do Norte, Europa e Ásia. A infraestrutura inclui um terminal offshore de águas profundas, pátios para contêineres, armazéns especializados e conexão direta com a ZPE Ceará. Esse conjunto facilita o escoamento da produção industrial e agrícola do estado e de regiões vizinhas.

Foto: Ascom CIPP
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém funciona como um polo integrado. Na área industrial, empresas se beneficiam da proximidade com o porto para reduzir custos logísticos. A Zona de Processamento de Exportação oferece incentivos fiscais e infraestrutura para atividades voltadas ao comércio exterior. Esse modelo atrai investimentos e fortalece cadeias produtivas estratégicas para o estado.
Os investimentos projetam um salto nos próximos anos. O Terminal de Tancagem vai ampliar a capacidade de armazenamento e manuseio de granéis líquidos, incluindo combustíveis e insumos para a indústria química. A Transnordestina, ferrovia que ligará o Pecém a áreas produtoras do Ceará, Piauí e Pernambuco, vai permitir transporte mais rápido e barato de minérios, grãos e outras cargas. Com essa conexão, o porto poderá atender um raio maior de produção e consolidar-se como saída natural para exportações do interior nordestino.
No horizonte próximo, a produção e exportação de hidrogênio verde coloca o Ceará no mapa da transição energética. O Pecém se prepara para abrigar plantas de produção e terminais dedicados à exportação desse combustível, aproveitando o potencial de geração de energia solar e eólica do estado. O projeto tem capacidade para atrair empresas e criar novas cadeias de valor, conectando o porto a mercados que buscam soluções para reduzir emissões de carbono.
O Complexo do Pecém também investe em qualificação profissional. Cursos e programas de treinamento preparam trabalhadores para operar equipamentos modernos, lidar com cargas sensíveis e adotar práticas alinhadas a padrões internacionais. A modernização tecnológica, com sistemas de monitoramento e gestão integrados, garante mais eficiência nas operações e segurança para navios e cargas. Essa preparação técnica se reflete na geração de empregos diretos e indiretos, que movimentam a economia local e fortalecem comunidades próximas, criando um ciclo que se retroalimenta com cada nova operação concluída.
O cenário combina resultados imediatos com visão de longo prazo. Com novas rotas, expansão física e diversificação de cargas, o porto se firma como hub logístico no Nordeste e como porta de entrada e saída para produtos que movimentam economias e geram empregos. Entre marés e carregamentos, o terminal segue conectando o que o Ceará produz ao que o mundo demanda.
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