Economia
Senador do partido de Trump se une a democratas em projeto contra tarifaço sobre o Brasil
A proposta foi apresentada nesta quinta-feira 18


Um senador norte-americano do partido Republicano — o mesmo de Donald Trump — se uniu a colegas do partido Democrata para apresentar um projeto de lei contra as tarifas de 50% impostas pela Casa Branca à importação de diversos produtos brasileiros em resposta a uma suposta “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro (PL).
Rand Paul, senador republicano pelo estado de Kentucky, assina o projeto apresentado nesta quinta-feira 18 ao lado de quatro senadores democratas: Tim Kaine (Virgínia), Chuck Schumer (Nova York), Jeanne Shaheen (New Hampshire) e Ron Wyden (Oregon).
No texto, os parlamentares contestam a decisão de tarifar “em bilhões de dólares” os produtos vendidos pelo Brasil. Kaine destaca que, de acordo com a legislação vigente nos EUA, o Senado tem a obrigação de discutir o tema.
O projeto enfatiza que Trump acionou um dispositivo legal chamado International Emergency Economic Powers Act (Ieepa), que, na prática, permite ao governo aplicar sanções em casos de emergência ou ameaça à segurança do país.
Ao comentar a proposta, Rand Paul adota parte da retórica trumpista ao se dizer preocupado com a “perseguição do governo brasileiro a um ex-presidente e a repressão autoritária à liberdade de expressão” no País, mas afirma que isso não pode ser usado como argumento para aumentar as tarifas.
“O presidente dos Estados Unidos não tem autoridade, com a Ieepa, para impor tarifas unilateralmente. A política comercial é responsabilidade do Congresso, não da Casa Branca”, destacou Paul, que chegou a anunciar uma pré-candidatura à Presidência em 2016, quando Trump venceu as primárias do partido e foi eleito para a Casa Branca.
Os senadores democratas foram ainda mais incisivos nas críticas ao magnata. “As tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileiros, para tentar impedir um processo contra um de seus amigos, são ultrajantes”, resumiu Tim Kaine.
“Precisamos impedir o presidente Trump de abrir essas guerras comerciais incompetentes e caóticas que estão encarecendo bens de consumo para os americanos, que estão apenas tentando sobreviver. Quando esta legislação chegar ao Senado, peço aos meus colegas de ambos os lados que defendam o princípio de que nossa política econômica deve ser elaborada tendo em mente os melhores interesses dos americanos – e não vinganças pessoais mesquinhas”, acrescentou.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Deputados dos EUA chamam Bolsonaro de golpista e apelam a Trump pelo fim do tarifaço
Por CartaCapital
Trump diz que estabelecerá tarifa para importação de semicondutores
Por AFP