Política

Janot reafirma que Temer deve ser investigado após sair do poder

A petição é resposta ao STF na ação em que o PSOL cobra a investigação do presidente da República por conta das delações da Odebrecht

Janot reafirma que Temer deve ser investigado após sair do poder
Janot reafirma que Temer deve ser investigado após sair do poder
Apoie Siga-nos no

Em uma nova manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reafirmou que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), só deve ser investigado pelas citações na Operação Lava Jato após deixar o Palácio do Planalto. A petição foi enviada pela PGR na ação em que o PSOL questionou a decisão do próprio Janot de não investigar Temer. O caso é de responsabilidade do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

No documento, Janot reafirma a argumentação jurídica usada nos pedidos de abertura de inquérito derivados das delações de executivos da Obebrecht. Segundo o procurador-geral, desde 1937 as Constituições brasileiras trazem em seu bojo a determinação de que o presidente da República não pode ser investigado por atos estranhos a seu mandato e a atual, de 1988, não é diferente.

“Trata-se de imunidade processual temporária incondicionada, destinada a preservar cargo relevante, deixando-o a salvo de investigações e processos não relacionados ao desempenho da função”, afirma Janot no documento, divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo. “Não se cuida, portanto, de privilégio, mas de prerrogativa exclusiva do Chefe de Estado, concedida corn a finalidade de garantir o exercício independente da função executiva”, afirma.

Janot afirma que o tempo em que Temer permanecer no cargo não contará para a prescrição de eventuais crimes cometidos por ele. E, afirma o PGR, “cessado o mandato do presidente da República, certamente serão adotadas as providências que se mostrem pertinentes, corn nova análise do caso, a fim de que se verifique a adequação ou não e a necessidade ou não do início da atividade de persecução penal do Estado em relação a ele”.

Essa decisão muito provavelmente não caberá a Janot, entretanto. O PGR está em seu segundo mandato, que termina em setembro. Em tese, ele poderia ser reconduzido ao cargo, mas ainda não se sabe se Janot buscará o terceiro mandato – a prerrogativa da escolha do procurador-geral da República é da presidência, mas desde o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva se tornou praxe indicar o mais votado na eleição interna do Ministério Público Federal.

A ação aberta pelo PSOL contra Janot versa sobre um inquérito no qual a figura principal é a do senador Humberto Costa (PT-PE). Temer, entretanto, é citado inúmeras vezes e, nas petições, Janot deixa evidente que o peemedebista seria investigado caso não estivesse no cargo de presidente da República.

 

No total, disseram os delatores, Temer teria sido anfitrião, no Palácio do Jaburu e em seu escritório político, de negociatas que somam mais de 80 milhões de reais. Ao tratar do caso de peemedebistas ligados a Temer, Janot faz citações do “grupo de Michel Temer” e escreve diversas vezes que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, atuava como “proposto” de Temer.

Antes, em fevereiro, na denúncia em que pediu a abertura de um inquérito criminal contra o ex-presidente José Sarney (PMDB), os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e Sérgio Machado, Janot afirmou que a formação do governo Temer visava proteger a organização criminosa investigada na Lava Jato.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo