Política
Lula promete vetar anistia a Bolsonaro se Congresso aprovar
A matéria é vista como a única alternativa de reabilitar politicamente Jair Bolsonaro (PL)


O presidente Lula (PT) prometeu, nesta quarta-feira 17, vetar qualquer proposta de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro a ser discutida no Congresso. As declarações foram dadas em entrevista à BBC News no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) anunciou que vai pautar um requerimento para acelerar a tramitação do texto.
A matéria é vista como a única alternativa de reabilitar politicamente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão pela tentativa de golpe. “Se viesse pra eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria. Pode ficar certo que eu vetaria”, disse Lula. O petista, porém, buscou se distanciar da discussão: “O presidente da República não se mete numa coisa do Congresso. Se os partidos políticos entenderem que é preciso dar anistia e votar a anistia, isso é um problema do Congresso”.
Lula também falou sobre a PEC da Blindagem, aprovada na noite de terça-feira 16 com ampla maioria entre os deputados. “Acho que a maior blindagem que as pessoas precisam é elas terem um comportamento sem cometer nenhum ilícito na vida. Acho desagradável as pessoas fazerem uma blindagem, inclusive colocando presidentes de partido, fica uma coisa esquisita para a sociedade brasileira compreender o que é isso”, disse o petista à TV britânica.
Sobre os 12 votos dados por parlamentares do seu partido, o presidente despistou. “Não sou presidente do meu partido, sou presidente da República. Se eu fosse presidente do meu partido, orientaria para votar contra. Eu votaria para fechar a questão e votar contra. Quando uma sigla fecha questão sobre um tema, parlamentares que desrespeitarem a diretriz podem ser punidos”.
O presidente ainda criticou o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Lula afirma que o republicano não está aberto ao diálogo, mas não descarta a possibilidade de se encontrar com Trump durante a Assembleia Geral da ONU. “E se ele chegar e passar perto de mim eu vou cumprimentá-lo porque eu sou cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo. Eu estendo a mão pra todo mundo. Eu nasci na vida política negociando. Então, pra mim não tem nenhum problema”, disse.
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