Política
Com manobra do Centrão e de Motta, Câmara retoma voto secreto na PEC da Blindagem
Deputados haviam derrubado a medida na madrugada desta quarta-feira 17, mas o tema voltou à tona


Com uma manobra de líderes do Centrão, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira 17, o retorno da votação secreta para autorizar a abertura de processos criminais contra parlamentares no Supremo Tribunal Federal. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), apoiou a articulação.
A Câmara já havia aprovado na véspera o texto-base da chamada PEC da Blindagem em dois turnos. Agora, a matéria segue para o Senado.
Na madrugada desta quarta, após avalizarem o texto-base, deputados aprovaram um destaque — proposta de modificação da redação — que acabava com a votação secreta para abrir processos.
Quando o destaque entrou em votação, já com um quórum reduzido, 296 congressistas se manifestaram a favor do voto secreto (eram necessários pelo menos 308). Outros 174 se disseram contrários.
Nesta quarta, porém, o Centrão articulou uma emenda aglutinativa para mudar mais uma vez o texto e retomar a versão anterior da PEC. Desta vez, houve 314 votos favoráveis e 168 contrários.
A PEC da Blindagem tem o objetivo de dificultar a abertura de processos judiciais contra congressistas. Conforme a proposta, a Câmara ou o Senado teria até 90 dias para decidir se autoriza a abertura de um processo.
Além disso, a PEC restringe a prisão de deputados e senadores a casos de crimes inafiançáveis em flagrante e amplia o foro privilegiado para presidentes de partidos políticos com representação no Congresso, que passariam a ser julgados exclusivamente pelo STF.
Segundo a versão aprovada na madrugada desta quarta — mas revertida nesta tarde —, permaneceria a previsão de votação secreta apenas para relaxar a prisão dos congressistas presos em flagrante por crimes inafiançáveis.
Assinaram a nova emenda para retomar a votação secreta também na abertura de processos os líderes do PP, Doutor Luizinho (RJ); do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA); do Republicanos, Gilberto Abramo (MG); do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL); do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ); e da Federação PSDB-Cidadania, Adolfo Viana (PSDB-BA). O relator da PEC, Claudio Cajado (PP-BA), também endossou a emenda.
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