Sociedade
Polícia prende hacker que fornecia dados usados em fraudes e ameaças contra o youtuber Felca
Suspeito de 26 anos foi detido em Pernambuco e é apontado como o principal responsável por invadir sistemas sigilosos e abastecer quadrilha nacional com informações sensíveis


A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu nesta terça-feira 16 um hacker de 26 anos, identificado pelo codinome “Jota”, durante a terceira fase da Operação Medici Umbra. Ele é considerado o pilar técnico de um esquema criminoso de alcance nacional, especializado em invasão de sistemas governamentais, estelionato eletrônico e falsificação de documentos.
Segundo a investigação, Jota tinha acesso a bases altamente sensíveis, incluindo sistemas da Polícia Federal, do Poder Judiciário e do Serpro. O suspeito chegou a afirmar em conversas ter extraído um arquivo de 460 GB, contendo cerca de 239 milhões de chaves Pix. Também dizia possuir acesso a dados de reconhecimento facial, investigações policiais e até ao controle de voos domésticos e internacionais.
O esquema operava de forma estruturada e compartimentada, segundo a polícia:
- Jota invadia os sistemas e roubava informações sigilosas;
- intermediários compravam esses dados e os revendiam em grupos de Telegram e WhatsApp, cobrando mensalidades de criminosos interessados;
- por fim, os golpistas usavam os dados para praticar fraudes, golpes e chantagens em todo o País.
Jota foi a fonte de dados utilizada por Cayo Lucas, hacker preso em agosto em Olinda (PE), acusado de ameaçar o youtuber Felipe Bressanim, o Felca. Após a publicação de um vídeo em que denunciava a adultização e exploração de crianças na internet, o influenciador passou a receber ameaças e intimidações. Segundo a polícia, Cayo comprava informações de Jota, que o permitiam acessar credenciais sigilosas e até forjar mandados falsos de prisão contra o youtuber.
As investigações também revelaram que o grupo de Cayo Lucas praticava crimes graves, incluindo chantagem e exploração de menores, obrigando meninas – algumas com apenas 7 e 8 anos – a se exporem em transmissões online, em situações descritas pela polícia como “estupro virtual” e “rituais de humilhação”.
A operação desta terça-feira cumpriu três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. Além de Jota, foram detidos um homem no Rio Grande do Norte, responsável por desenvolver sistemas de consultas ilegais em grupos de WhatsApp, e outro em São Paulo, ligado diretamente à aplicação de fraudes.
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