Do Micro Ao Macro
4 dicas para incluir a comunidade surda no mercado de trabalho
Especialista apresenta estratégias para ampliar a participação de pessoas com deficiência auditiva no ambiente corporativo


O Brasil tem 10,7 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva, segundo o IBGE. O número mostra uma parcela significativa da população com barreiras de acesso ao emprego.
Apesar disso, cerca de 5,1 milhões de brasileiros com deficiência já estão inseridos no mercado de trabalho. O dado demonstra avanços, mas ainda insuficientes.
A Lei de Cotas (Lei nº 8.213) determina que empresas com mais de 100 funcionários contratem pessoas com deficiência. No entanto, a aplicação prática ainda enfrenta falhas de fiscalização e preconceitos estruturais.
José Araújo Neto, CEO do ICOM, socialtech voltada a serviços de inclusão e comunicação acessível, aponta quatro medidas que podem apoiar a inclusão de pessoas surdas no mercado de trabalho.
Construir cultura inclusiva
O primeiro passo é estabelecer políticas internas que promovam respeito à diversidade. A conscientização deve envolver todos os níveis da empresa.
“A inclusão começa quando entendemos que pessoas surdas têm potencial, talentos e habilidades como qualquer outra”, afirma Araújo Neto.
Redesenhar processos seletivos
A etapa de recrutamento precisa ser adaptada para garantir igualdade de condições. O uso de intérpretes de Libras em entrevistas, inclusive por vídeo, é uma medida prática.
“No ICOM, oferecemos suporte em Libras para conectar candidatos surdos a intérpretes qualificados, assegurando clareza e respeito”, explica o executivo.
Criar oportunidades de crescimento
Segundo Araújo Neto, a inclusão não deve se limitar à contratação. Salários justos e acesso a cargos de liderança precisam ser garantidos.
“Mesmo quando inseridas, pessoas com deficiência recebem salários menores e têm menos acesso a promoções. É preciso avançar”, avalia.
Investir em tecnologia assistiva
Ferramentas digitais podem ampliar a produtividade e a comunicação. Entre elas estão sistemas de tradução em Libras, alertas visuais e dispositivos de comunicação adaptados.
“No ICOM, conectamos surdos e ouvintes por meio de intérpretes em Libras altamente qualificados”, destaca Araújo Neto.
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