Cultura
Artistas homenageiam Hermeto Pascoal: ‘alquimia sonora’
Nascido em 1936, no interior de Alagoas, Pascoal era autodidata e começou a tocar acordeon e flauta ainda na infância


Artistas e personalidades prestaram homenagens neste domingo 14 ao músico Hermeto Pascoal, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, que morreu no sábado, aos 89 anos.
Considerado um gênio da música experimental e reconhecido internacionalmente por sua inovação sonora, Hermeto ficou conhecido por transformar sons do cotidiano em arte – desde o barulho da água até o sopro do vento. Sua capacidade de improvisação e versatilidade deram a ele o apelido de “bruxo dos sons”.
“Um mestre generoso que transformou a música brasileira em alquimia sonora, ousando ir além do imaginável e mostrando que a arte nasce da liberdade e da criatividade”, escreveu a ministra da Cultura, Margareth Menezes. “Hermeto é patrimônio da nossa cultura.”
O músico Caetano Veloso também se manifestou. “Hermeto Pascoal é um dos pontos mais altos da história da música no Brasil”, disse. “Existe um mundo antes de Hermeto e outro depois dele! Gratidão por dar mais vida à música, Campeão!”, afirmou o cantor Mestrinho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o “talento e a incansável criatividade” de Hermeto. “A música e a cultura brasileira devem muito a Hermeto Pascoal”, disse em nota divulgada no X.
‘Deixe soar uma nota na chaleira’
A notícia foi confirmada pelas redes sociais oficiais do artista. “Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música”, diz o texto.
A banda que acompanhava o músico, Nave Mãe, realizava um show em Belo Horizonte no momento de sua morte, cuja causa não foi divulgada. Hermeto estava internado em um hospital no Rio de Janeiro.
“No exato momento da passagem, seu grupo estava no palco, como ele gostaria: fazendo som e música. Quem desejar homenageá-lo, deixe soar uma nota no instrumento, na voz, na chaleira e ofereça ao universo”, concluiu a nota
Do erudito ao popular
Nascido em 1936, na pequena cidade de Lagoa da Canoa, interior de Alagoas, Hermeto Pascoal era autodidata. Começou a tocar acordeon e flauta ainda na infância, e aos 15 anos já atuava como músico profissional, mudando-se com o irmão para o Recife.
Sua carreira atravessou fronteiras, com colaborações internacionais e reconhecimento mundial por uma obra capaz de conciliar o erudito ao popular. Ao longo da vida, recebeu diversos prêmios, entre eles o Grammy Latino, conquistado em três oportunidades.
Em 2024, aos 88 anos, lançou o disco de músicas inéditas Pra você, Ilza, uma homenagem à esposa Ilza da Silva, com quem foi casado por mais de 40 anos. Juntos, tiveram seis filhos. Hermeto também deixa 13 netos e 10 bisnetos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.