Do Micro Ao Macro
TikTok Shop cresce no Brasil e pressiona Mercado Livre a rever estratégias
Plataforma chinesa alcança US$ 46,1 milhões em vendas em três meses e muda o equilíbrio do e-commerce


O TikTok Shop atingiu US$ 46,1 milhões em volume bruto de mercadorias em agosto, contra US$ 1 milhão em maio. O salto de 4.500% em apenas três meses mostra a força da plataforma no Brasil e já pressiona o Mercado Livre, líder no comércio eletrônico da América Latina.
Segundo o Itaú BBA, a operação do aplicativo chinês já representa 2% das vendas do Mercado Livre no país. Metade desse resultado vem da aba de marketplace, cujo tráfego se aproxima do da concorrente argentina. O desempenho confirma o potencial da ByteDance em converter audiência em consumo direto.
Rivalidade em expansão
O crescimento ocorre em um ambiente de competição acirrada. A Shopee mantém expansão entre 60% e 70% ao ano. A Amazon, por sua vez, reforça a estrutura logística e amplia a base de vendedores.
O Mercado Livre busca defender participação de mercado e, ao mesmo tempo, sustentar rentabilidade diante de investimentos em logística, pagamentos, fidelização e novos serviços.
Mudança de consumo
Para Rebecca Fischer, cofundadora e CSO da Divibank, o impacto vai além dos números. “Estamos diante de uma transformação profunda no comércio internacional e na psicologia do consumo. A fábrica virou influenciadora. O conteúdo virou canal de vendas. E o consumidor, cada vez mais consciente e digital, está disposto a experimentar — mesmo que isso signifique repensar tudo o que sabia sobre marcas”, afirmou.
Efeito para o setor
O avanço do TikTok Shop pode acelerar a migração de consumidores do offline para o online, ampliando o alcance do comércio eletrônico no Brasil. A dúvida é se a trajetória de crescimento terá fôlego no médio prazo ou se foi estimulada por incentivos iniciais para atrair vendedores e consumidores.
De qualquer forma, a expansão da plataforma altera o equilíbrio competitivo do setor e força os líderes a acelerar inovação e rever estratégias.
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