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Rússia atinge sede do governo da Ucrânia no maior bombardeio da guerra

Segundo a Força Aérea Ucraniana, os russos lançaram durante a noite mais de 800 drones e mísseis

Rússia atinge sede do governo da Ucrânia no maior bombardeio da guerra
Rússia atinge sede do governo da Ucrânia no maior bombardeio da guerra
Prédio em Kiev, na Ucrânia, após ataque russo em 7 de setembro de 2025. Foto: Genya Savilov/AFP
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A Rússia lançou, neste domingo 7, sua maior ofensiva aérea contra a Ucrânia desde o início da guerra, com um bombardeio de drones e mísseis que deixou pelo menos cinco mortos em várias regiões do país e provocou um incêndio na sede do governo em Kiev.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que contava com uma resposta contundente de parte dos Estados Unidos após o ataque. Em Washington, o presidente americano, Donald Trump, ao ser perguntado por um jornalista se estava disposto a impor novas sanções à Rússia, respondeu: “Sim, estou.”

A Rússia tem intensificado sua ofensiva contra a Ucrânia desde que o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu com Trump no Alasca em 15 de agosto, em uma cúpula após a qual não houve nenhum avanço para um cessar-fogo.

O ataque contra a sede do governo da Ucrânia, um grande complexo no centro de Kiev, é o primeiro do tipo em três anos e meio de conflito, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou que a investida só prolongará a guerra.

“Pela primeira vez, o teto e os andares superiores foram danificados devido a um ataque inimigo. Os socorristas estão combatendo o incêndio”, informou a primeira-ministra ucraniana, Yulia Sviridenko, pelo Telegram.

“Vamos restaurar os edifícios. Mas não podemos recuperar as vidas perdidas. O inimigo aterroriza e mata nossa gente todos os dias em todo o país”, afirmou Sviridenko.

Moscou não dá sinais de querer parar

O ataque também danificou vários prédios altos em Kiev, relataram os serviços de emergência.

Segundo a Força Aérea Ucraniana, a Rússia lançou durante a noite mais de 800 drones e 13 mísseis contra a Ucrânia, o maior ataque desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Moscou não dá sinais de que quer deter sua ofensiva e mantém suas exigências de mais território ucraniano para um acordo de paz, condições inaceitáveis para a Ucrânia.

Ao se referir ao ataque, o presidente ucraniano disse que “estas matanças agora, quando a diplomacia real poderia ter começado há muito tempo, são um crime deliberado e um prolongamento da guerra”.

Zelensky disse ter discutido o ataque em um telefonema com o presidente francês, Emmanuel Macron, e que a França ajudaria a Ucrânia a fortalecer sua defesa.

Em mensagem no X, Macron condenou o ataque e disse que a Rússia “se fecha cada vez mais na lógica da guerra e do terror”.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse à rede de televisão NBC que seu país está disposto “a aumentar a pressão sobre a Rússia […], mas precisamos que nossos parceiros europeus nos acompanhem”.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e a presidente da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, também denunciaram o ataque.

“Mais uma vez, o Kremlin debocha da diplomacia”, escreveu Von der Leyen no X. Os “ataques covardes” mostram que o presidente russo, Vladimir Putin, “não está comprometido seriamente com a paz”, acrescentou Starmer em um comunicado.

França, Reino Unido e outros países europeus se comprometeram a enviar tropas à Ucrânia no futuro caso haja um acordo de paz com a Rússia.

Bebê morto

Os ataques em Kiev mataram pelo menos duas pessoas: uma mãe e seu bebê de dois meses em um edifício residencial de nove andares no oeste da cidade, informaram promotores locais.

Mais de 20 pessoas também ficaram feridas na capital, entre elas uma mulher grávida que teve um parto prematuro depois do ataque e agora luta por sua vida e pela de seu bebê.

Em outros ataques, uma mulher morreu na manhã deste domingo em Zaporizhzhia, no sul, e uma pessoa morreu no sábado em Sumy, região fronteiriça com a Rússia.

A quinta morte confirmada foi registrada em Dnipropetrovsk, no centro da Ucrânia, segundo autoridades militares.

As forças russas ocupam agora aproximadamente 20% do território da Ucrânia.

Dezenas de milhares de pessoas morreram em três anos e meio do conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

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