Do Micro Ao Macro
Dia do irmão: Gêmeos multiplicam faturamento fazendo vídeos virais
Startup criada por Alexandre e Felipe Salvatore projeta R$ 15 milhões em 2025 e já fornece vídeos virais para marcas e veículos


O Dia do Irmão, celebrado neste 5 de setembro, marca também a trajetória de dois jovens empreendedores que decidiram transformar uma experiência pessoal em negócio. Alexandre e Felipe Salvatore, gêmeos de 28 anos, construíram uma empresa que já reúne mais de 10 mil vídeos licenciados e projeta faturar R$ 15 milhões em 2025.
Fundada em 2020, a Myhood atua no licenciamento de vídeos virais e conteúdos gerados por usuários (user-generated content – UGC). Entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, a empresa registrou crescimento de oito vezes em receita. O modelo remunera criadores e garante a veículos de imprensa e marcas acesso rápido e seguro ao conteúdo.
A motivação veio quando um vídeo publicado pelos irmãos viralizou após ser compartilhado por uma torcida organizada, mas circulou sem créditos. Sem retorno financeiro, eles perceberam a fragilidade dos direitos autorais no ambiente digital.
“Percebemos que muitas páginas e portais lucravam com conteúdos de terceiros sem pagar nada ou pedir autorização. Vimos aí uma oportunidade de mudar isso”, conta Alexandre.
Operação e acervo
A empresa desenvolveu tecnologia para identificar vídeos com potencial de viralização logo nos estágios iniciais. Um time especializado valida autoria, local e data de gravação, entregando o material pronto para uso jornalístico.
Após a checagem, os criadores assinam contratos de cessão de direitos. Metade da receita vai para eles, enquanto clientes pagam uma assinatura para usar os conteúdos. O acervo já soma mais de 10 mil vídeos, com média de 41 novos por dia.
Virada
Até 2023, o crescimento dependia de denúncias de uso não autorizado. A virada ocorreu em dezembro, quando Murilo Henare, fundador da Banca Digital, tornou-se sócio e investidor.
“O Murilo entendeu imediatamente o potencial da Myhood e nos ajudou a estruturar a operação para um crescimento sustentável. A partir daí, deixamos de depender de infrações para nos consolidarmos como a principal plataforma de licenciamento do Brasil”, explica Felipe.
Após o investimento, a equipe cresceu de cinco para 30 funcionários e a receita acelerou.
Novas frentes
A atuação da empresa foi além do entretenimento. Portais de notícias buscam a plataforma para acessar conteúdos virais sem risco jurídico. “O mercado tem nos puxado cada vez mais para o segmento de notícias. Quem usa a Myhood não apenas evita problemas legais, mas também melhora a distribuição de conteúdo de forma ética e estruturada”, afirma Alexandre.
A empresa também passou a fornecer conteúdos para campanhas de publicidade. Marcas como Ambev, Skol, Guaraná Antártica e a Secretaria de Comunicação do Governo Federal já utilizaram vídeos licenciados em ações.
Próximos passos
Com crescimento consolidado, a empresa investe em automação dos processos de curadoria e licenciamento. O objetivo é atender publishers e criadores com mais agilidade e ampliar sua presença no mercado de notícias.
“Estamos construindo uma solução que redefine a forma como o conteúdo viral é tratado na internet. Nos próximos anos, queremos nos tornar referência global na área”, conclui Felipe.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.