Economia
‘Se é inocente, prove’, diz Lula sobre julgamento de Bolsonaro
O presidente afirmou que espera justiça e defendeu a presunção de inocência. Ele também voltou a cobrar ‘respeito’ de Trump


Ao conversar com a imprensa no velório do jornalista Mino Carta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado, por mais de uma vez, sobre o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe. O petista, que já havia adiantado que não acompanharia as sessões, disse esperar um processo justo.
“Tem o processo, tem os autos, tem delações, tem provas. Que a pessoa que está sendo acusado tenha o direito à presunção de inocência, que ele possa se defender, como eu não pude me defender [no processo que o levou à prisão em 2018]. E eu não reclamei. Não fiquei chorando. Fui à luta. Se é inocente, prove que é inocente”, resumiu.
O presidente, que viajou a São Paulo para a despedida de Mino Carta, também falou sobre o papel da imprensa na cobertura dos episódios recentes da história do Brasil.
“Eu penso que o Mino cobriria do jeito mais verdadeiro que essa cobertura merece. Não tem adjetivos na cobertura do que está acontecendo no Brasil. As pessoas têm apenas que ser verdadeiras, contar os fatos como eles são”, afirmou. “O Mino Carta, se estivesse hoje na frente de sua máquina [de escrever], ou no computador, ou na caneta, ele estaria escrevendo, quem sabe, a mais bela história do que aconteceu nos últimos anos no Brasil.”
O petista foi questionado também sobre a pressão exercida pelo governo dos Estados Unidos, chefiado por Donald Trump, que, nos últimos meses, aplicou sanções contra autoridades brasileiras e contra a economia do País sob a justificativa de que o processo contra Bolsonaro seria uma ‘caça às bruxas’.
Lula voltou a dizer que está pronto para ser, de novo, ‘o Lulinha paz e amor’: basta que Trump baixe a guarda e decida se sentar à mesa de negociação. O presidente brasileiro, porém, reiterou que não cederá a pressões internacionais.
“Ele [Trump] exacerbou qualquer coisa que a gente tinha conhecimento na história da humanidade: um governo se meter a julgar o comportamento da Justiça de outro país. É um negócio inacreditável. Acho que as pessoas precisam aprender a respeitar. Cada um toma conta do seu terreiro. Cada um toma conta do seu ninho.”
“Eu vou repetir aqui: o Trump não foi eleito para ser imperador do mundo. Ele foi eleito apenas para ser presidente dos Estados Unidos da América”, prosseguiu. “E eu, sinceramente, estou no aguardo de que em algum momento vai acontecer alguma coisa na cabeça do presidente Trump e ele perceber: ‘poxa vida, tenho que negociar’. Não só com o Brasil, com a China, com a Índia, com a Venezuela. Negociar com todo o mundo.”
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