Política

Haddad será candidato em São Paulo no ano que vem

A disposição para as urnas, seja para o governo ou o Senado, ajuda a explicar o aumento da exposição midiática do ministro

Haddad será candidato em São Paulo no ano que vem
Haddad será candidato em São Paulo no ano que vem
Óbvio ululante. Sem crescimento não há ajuste possível nas contas públicas, lembra o ministro Haddad – Imagem: Washington Costa/Ministério da Fazenda
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve disputar as eleições em São Paulo em 2026. Falta saber se a governador ou a senador. E fez um acordo com o presidente Lula: caso termine derrotado – e Lula vitorioso – voltará ao cargo depois da campanha.

Na hipótese de eleger-se para o Senado, ainda assim ele pode retornar à Fazenda, na condição de licenciado, como acontece com Camilo Santana, que é ministro da Educação, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.

[Atualização: A assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda nega que Haddad tenha feito o acordo com Lula. A reportagem registra a posição oficial mas sustenta a informação publicada.]

A disposição para as urnas ajuda a explicar o aumento da exposição midiática de Haddad. Ele tem dado entrevistas com bastante frequência, em especial sobre dois temas: o combate às desigualdades sociais e o tarifaço de Donald Trump.

Reduzir as desigualdades é um dos efeitos da proposta do governo de cobrar mais imposto de renda dos milionários e de isentar salários de até 5 mil reais. A lei está à espera de votação pelos deputados. Haddad tem martelado a ideia de que taxar um pouco mais o andar de cima é justiça tributária.

Essa mensagem foi intensificada pela comunicação do governo e do PT desde a batalha com o Congresso sobre o IOF. A megaoperação da Polícia Federal contra o crime organizado levou o ministro da Fazenda a repetir a ideia de que “a cobertura” e o “andar de cima” foram atingidos.

Mas, qual cargo Haddad disputaria? A decisão final passa por cálculos interno no PT sobre o cenário da próxima eleição presidencial e para o Senado, a casa legislativa com poder para aprovar ou derrubar integrantes do Supremo Tribunal Federal.

O PT precisa de um palanque competitivo no estado de São Paulo tanto para governador quanto para senador, a fim de fortalecer as chances reeleitorais de Lula. O ex-ministro José Dirceu acha, por exemplo, que foi São Paulo que garantiu a vitória do petista em 2022.

Lula e Haddad venceram Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) na capital paulista na campanha de 2022. O ministro bateu o atual governador paulista também na região metropolitana da cidade. Tarcísio elegeu-se, porém, graças à votação no interior do estado.

O fator Tarcísio

Ao chamar Tarcísio para a briga presidencial, como ocorreu em uma reunião ministerial em 28 de agosto, Lula parece interessado não só em tirar o governador da zona de conforto, como também em alimentar a vontade dele de tentar chegar ao Palácio do Planalto, a fim de limpar o terreno para o lulismo em São Paulo.

Até recentemente, a ministra Gleisi Hoffmann, chefe da articulação política do Planalto, vaticinava, em privado, que Tarcisio não concorreria a presidente. Seria trocar uma reeleição estadual fácil por uma aventura de final incerto. A lei exige que governadores renunciem seis meses antes da eleição para disputar outro cargo

Em Brasília, parlamentares paulistas pró-Tarcisio o incentivam a disputar a Presidência, pois acreditam que podem ter a ganhar politicamente. O governador não teria dado a esses grupos os cargos que eles querem. Sem Tarcisio no comando, ficaria mais fácil abrir a porteira.

Sem Tarcísio em busca de reeleição, a vida do PT e de seus aliados em São Paulo tende a melhorar também. Enfrentar um postulante à reeleição é sempre difícil. Bolsonaro perdeu por pouco de Lula em 2022, apesar de mal avaliado nas pesquisas. 

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