Do Micro Ao Macro
Exportações de dispositivos médicos crescem e superam US$ 570 milhões no 1º semestre
Indústria brasileira amplia presença global, mira expansão nos EUA e alerta para impacto de tarifa de 50% anunciada por Trump


A indústria de dispositivos médicos registrou aumento de 7,5% nas exportações no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Foram US$ 572,6 milhões em vendas internacionais, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO). O resultado reflete a valorização da #saudefeitanobrasil e reforça o papel estratégico do país na cadeia global de saúde.
“O desempenho mostra que o mundo confia na tecnologia e na inovação da indústria nacional. Estamos falando de um setor que entrega qualidade, segurança e competitividade”, afirma Larissa Gomes, gerente de projetos e marketing da ABIMO.
Balanço do projeto BHD
As 135 fabricantes integrantes do Brazilian Health Devices (BHD), iniciativa da ABIMO em parceria com a ApexBrasil, somaram US$ 74,2 milhões em exportações no semestre. Mais da metade das empresas abriu novos mercados, enquanto 27,4% passaram a exportar produtos antes restritos ao mercado interno.
“É um movimento que mostra maturidade exportadora. Essas empresas estão inovando, diversificando produtos e alcançando novos compradores em diferentes regiões”, acrescenta Larissa.
Principais destinos e risco nos EUA
Entre os 174 países que importaram dispositivos médicos brasileiros no período, os Estados Unidos lideram a lista, com compras superiores a US$ 150 milhões — mais de um quarto do total. O protagonismo do mercado norte-americano acende um alerta para o setor diante da intenção do governo Donald Trump de aplicar tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
Na sequência, a Argentina aparece com US$ 44,7 milhões, seguida por Colômbia (US$ 42,5 milhões), México (US$ 41,2 milhões) e Chile (US$ 29,4 milhões). Juntos, esses cinco países respondem por 53,7% das exportações.
O primeiro trimestre foi decisivo para o desempenho: entre janeiro e março, o setor acumulou US$ 288,4 milhões em vendas externas.
O que o Brasil exporta
Entre os mais de 200 produtos enviados ao exterior, os itens médico-hospitalares representaram 66,3% do total exportado, com alta de 6,27%. Destaques: suturas cirúrgicas (US$ 76,1 milhões), válvulas cardíacas (US$ 49,3 milhões), bolsas plásticas para uso médico (US$ 37,2 milhões) e pensos adesivos (US$ 24,5 milhões).
A odontologia também registrou bom desempenho, com US$ 67,1 milhões exportados (+7,45%), enquanto o segmento de reabilitação apresentou o maior avanço percentual, com US$ 64,3 milhões e crescimento de 19,9%.
Desempenho dentro do BHD
No âmbito do projeto setorial, os produtos odontológicos representaram 33,9% do total exportado, seguidos pelos médico-hospitalares (32,7%), reabilitação (30,6%) e laboratório (2,59%). As 135 empresas comercializaram 190 produtos em 125 países, com aumento de volume em 68 mercados.
Entre os novos itens comercializados estão artigos e aparelhos ortopédicos e de prótese, instrumentos odontológicos e médicos, além de cimentos para obturação dentária.
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