Do Micro Ao Macro
Startup aposta em gamificação e reduz rotatividade de talentos em 68%
Programa une cultura geek, incentivos e treinamentos internos para aumentar engajamento e produtividade no setor de tecnologia


O mercado brasileiro de tecnologia enfrenta um déficit de mão de obra. Entre 2021 e 2025, o país forma cerca de 53 mil profissionais de TI por ano, enquanto a demanda média é de 159 mil, segundo a Brasscom. Esse descompasso impulsiona empresas a buscar estratégias diferenciadas para atrair e reter talentos em meio a um cenário de alta rotatividade.
Cultura geek como estratégia
A Bindflow, startup de Curitiba, criou um programa de gamificação para integrar sua cultura organizacional ao perfil do time, formado por profissionais jovens e com forte afinidade com o universo geek. Batizada de BindVerse, a iniciativa funciona em uma plataforma personalizada que transforma rotinas em desafios.
Os funcionários acumulam pontos ao conquistar certificações, participar de eventos internos ou divulgar a marca em postagens, podendo trocá-los por benefícios como day off, jantares, consumo no frigobar e cursos de qualificação.
Para Karla Kristina, head de Pessoas e Cultura da Bindflow, a estratégia vai além da competição: “A gamificação não é só sobre prêmios, mas sobre gerar união, conexão e fortalecer o trabalho em equipe.”
Resultados em retenção e produtividade
A empresa reduziu a taxa de turnover de 78% em 2024 para 24,62% em 2025, queda equivalente a 68,43%. A adoção do modelo também proporcionou ganho de eficiência de 25% nos prazos de entrega de projetos.
Segundo Karla, os resultados refletem um conjunto de ações, como contratações alinhadas à cultura da empresa e investimentos em treinamentos internos. “Vale mais trazer alguém disposto a aprender do que contratar com vícios de mercado”, afirma.
Ambiente leve e integrado
O BindVerse foi desenvolvido para refletir os interesses do time, majoritariamente entre 25 e 35 anos. Atividades como o dia do pijama ou jogos de cartas no escritório reforçam vínculos e criam um ambiente mais descontraído.
Outro ponto é a integração da gamificação a práticas de gestão de pessoas. One-on-ones, feedbacks estruturados e planos de desenvolvimento individual também pontuam na plataforma, garantindo alinhamento constante entre líderes e equipes.
“Quando conseguimos aliar o lado lúdico ao profissional, a motivação aumenta e o senso de pertencimento se fortalece. A gamificação é um estímulo, mas o que sustenta o engajamento é o acompanhamento próximo e o cuidado real com o desenvolvimento de cada um”, conclui Karla.
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