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Corte Constitucional da Tailândia destitui primeira-ministra

Paetongtarn Shinawatra foi considerada culpada da acusação de violar as normas éticas exigidas de um chefe de Governo durante uma crise diplomática com o Camboja

Corte Constitucional da Tailândia destitui primeira-ministra
Corte Constitucional da Tailândia destitui primeira-ministra
Paetongtarn Shinawatra foi destituída do cargo de primeira-ministra da Tailândia pela Corte constitucional do país. Foto: Lillian SUWANRUMPHA / AFP
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A Corte Constitucional da Tailândia destituiu, nesta sexta-feira 29, a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra e seu gabinete devido à gestão de uma crise diplomática com o Camboja.

No veredicto, os nove juízes do tribunal consideraram que a primeira-ministra não respeitou as normas éticas governamentais durante uma ligação telefônica com o ex-governante cambojano Hun Sen em junho, durante um momento de tensão com o país vizinho.

Shinawatra é a terceira integrante da família afastada do cargo de chefe de Governo, depois que seu pai Thaksin e sua tia Yingluck foram derrubados por golpes de Estado militares.

A Corte Constitucional também destituiu no ano passado seu antecessor, Srettha Thavisin.

A política, de 39 anos, afirmou que fez todo o possível para atuar em defesa do interesse nacional.

“Minhas intenções eram beneficiar o país, não obter ganhos pessoais, e sim melhorar a vida das pessoas, incluindo civis e soldados”, declarou à imprensa após o anúncio da sentença.

Sem um candidato claro para assumir o cargo de primeiro-ministro, o reino asiático enfrenta um período de profunda incerteza política.

Shinawatra foi considerada culpada de violar as normas éticas exigidas de um chefe de Governo durante uma ligação com o ex-líder cambojano Hun Sen, que vazou na internet.

A discussão ocorreu em junho, durante um momento de tensão entre os dois países, iniciado com a morte de um soldado cambojano no final de maio em confrontos transfronteiriços com o Exército tailandês em uma área disputada.

Na conversa, que foi gravada e divulgada sem o consentimento da premiê, ela chamou Hun Sen de “tio” e se referiu a um comandante militar tailandês como seu “opositor”.

O caso provocou uma crise política no país, que levou os conservadores do partido Bhumjaithai a abandonar a coalizão de governo, além de elevar as tensões na fronteira com o Camboja.

Os dois países travaram em julho um conflito de cinco dias, que deixou 40 mortos e mais de 300 mil deslocados.

Há duas décadas, a política no país asiático é dominada por uma disputa entre a elite conservadora pró-militar e monárquica e o clã Shinawatra, visto como uma ameaça à ordem social tradicional tailandesa.

Na semana passada, o pai de Paetongtarn, Thaksin, foi absolvido em um julgamento por crime de lesa-majestade. O bilionário e ex-primeiro-ministro de 76 anos corria o risco de ser condenado a até 15 anos de prisão pelas acusações.

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