Do Micro Ao Macro
Endividamento pressiona micro e pequenas: 12 dicas de gestão para recuperar o caixa
Banco Central alerta para endividamento e especialista lista 12 pontos de atenção que ajudam empresas a recuperar a saúde financeira


O Banco Central informou, por meio do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), que o crédito no Brasil continua em expansão acelerada. Mesmo com juros altos, o endividamento de famílias e empresas cresce em ritmo elevado.
Segundo o órgão, o crédito para companhias de todos os portes mostra sinais de desaceleração, exceto entre as médias empresas. O Comef destacou que o risco para micro, pequenas e médias deve se manter elevado no curto prazo.
Para orientar gestores nesse contexto, o diretor de Operações da W1 Business, Luiz Henrique Barbosa, apresentou 12 sinais de alerta e possíveis medidas para evitar que a empresa permaneça no vermelho.
1. Margem bruta
A margem bruta representa a diferença entre o faturamento e os custos diretos de produção ou aquisição de produtos. Quando está abaixo de 20%, a empresa fica exposta a oscilações de preços e insumos.
O que fazer: rever políticas de preço, negociar com fornecedores e priorizar linhas de maior rentabilidade.
2. Receita menor que a inflação
Se o crescimento da receita é inferior à inflação, a empresa perde poder de compra. Isso indica perda real de faturamento.
O que fazer: reavaliar estratégia de vendas, investir em marketing e ajustar preços de acordo com os custos.
3. Margem operacional
O indicador mostra o quanto sobra depois de descontar custos e despesas operacionais. Quando está abaixo de 3%, qualquer imprevisto elimina o lucro.
O que fazer: reduzir despesas, aumentar o ticket médio e melhorar eficiência produtiva.
4. Margem líquida
A margem líquida mostra quanto sobra no caixa após todas as despesas, impostos e custos financeiros. Valor negativo significa operação no vermelho.
O que fazer: revisar estrutura de custos, renegociar dívidas e buscar novas fontes de receita.
5. Custos maiores que a receita
Quando despesas sobem mais rápido que o faturamento, o lucro desaparece. No longo prazo, a tendência é de endividamento.
O que fazer: otimizar processos, controlar despesas variáveis e adotar planejamento orçamentário.
6. Índice de cobertura
Esse índice mostra quantas vezes o lucro operacional cobre as despesas financeiras. Abaixo de 1,5, a empresa não consegue suportar dívidas com segurança.
O que fazer: renegociar juros, aumentar eficiência operacional e reduzir alavancagem.
7. Contas a receber
Se o crescimento das vendas a prazo supera o avanço da receita, aumenta o risco de atrasos e falta de liquidez.
O que fazer: revisar prazos de recebimento, criar políticas de cobrança e oferecer descontos para pagamento antecipado.
8. Estoques acima da receita
Quando o estoque cresce mais do que as vendas, o capital fica imobilizado e pode gerar perdas por validade ou obsolescência.
O que fazer: gerenciar com previsões de vendas, aplicar produção puxada e liquidar itens parados.
9. Dívida sobre patrimônio líquido
Se a dívida supera o valor do capital próprio, há excesso de alavancagem. Nesse caso, o foco passa a ser pagar credores em vez de expandir.
O que fazer: refinanciar dívidas, captar recursos de sócios e destinar parte do lucro à redução de passivos.
10. Giro dos ativos
Esse indicador mostra quanto a empresa vende para cada real investido em ativos. Abaixo de 0,5, há baixa eficiência.
O que fazer: reavaliar investimentos, aumentar volume de vendas e vender ativos subutilizados.
11. Capital de giro
Se a necessidade de capital de giro supera os recursos disponíveis, a empresa depende de crédito externo para operar.
O que fazer: aperfeiçoar gestão de caixa, renegociar prazos e buscar financiamentos de curto prazo com juros menores.
12. Ativo circulante
Quando o passivo de curto prazo supera o ativo circulante, a empresa corre risco de inadimplência em cadeia.
O que fazer: alongar prazos de dívidas, manter reservas de emergência e converter estoques em vendas.
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