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Polícia do Rio investiga suposta discriminação em batismo

Familiares afirmam que padre teria deixado de citar o nome da criança, durante cerimônia, por não considerá-lo cristão; igreja nega

Polícia do Rio investiga suposta discriminação em batismo
Polícia do Rio investiga suposta discriminação em batismo
Família aponta intolerância religiosa de padre durante batismo no Rio de Janeiro. Créditos: Reprodução/Arquivo pessoal
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A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso de um padre que teria se negado a dizer o nome de uma criança, durante um batismo, no Rio de Janeiro.

Familiares de Yaminah afirmam que o religioso teria deixado de pronunciar o nome da criança por não considerá-lo cristão e por tê-lo associado a um ‘culto religioso’. O caso aconteceu em uma igreja católica do Leblon, zona sul do Rio, no dia 16 de agosto.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um momento em que o pároco se refere à menina como ‘criança’, durante a cerimônia de batismo. “Receba a luz de Cristo, querida criança”. Um dos familiares presentes chega a questionar a conduta do padre, que justifica estar seguindo o texto que estava no rito. Depois, o religioso afirma já ter mencionado o nome de Yaminah.

A família sustenta que o padre mostrou insatisfação com o nome da criança antes do início da cerimônia, e teria sugerido chamá-la de Maria, o que não foi aceito pelos pais da bebê. Alegam ainda que, tradicionalmente, o sacerdote pronuncia a frase “Eu te batizo, [nome da criança]”, rito que não foi seguido no caso de Yaminah.

Os familiares registraram um boletim de ocorrência sobre o episódio. Em nota, a Polícia confirmou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), sob sigilo. O advogado da família, Diogo Ferrari, afirmou se tratar de um caso de intolerância religiosa, e que medidas judiciais já estão sendo tomadas.

Em nota, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro afirmou que o batismo da criança foi celebrado corretamente, de acordo com o que prevê o Ritual Romano de Batismo de Crianças. A igreja completou que, de acordo com o rito, o nome das crianças a serem batizadas é mencionado em um momento específico da celebração, e não a todo o tempo.

“O ritual foi seguido fielmente, com o nome desejado pela família sendo devidamente pronunciado e registrado no livro paroquial, bem como na lembrança de Batismo entregue aos pais”, afirmou a arquidiocese.

A igreja mencionou, ainda, que o Código de Direito Canônico, prevê que pais, padrinhos e pároco tomem cuidado para que não seja escolhido um nome estranho ao sentido cristão. E que, em algumas ocasiões, sacerdotes podem oferecer orientações pastorais sobre a escolha de nomes, mas que teriam caráter exclusivamente aconselhativo, não levando ao impedimento ou recusa do sacramento.

“A Arquidiocese repudia qualquer forma de discriminação e reafirma seu compromisso com o acolhimento, com o diálogo respeitoso e com o respeito à diversidade cultural de nosso povo”, registrou.

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