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A vitrine dos filmes breves

A 36ª edição do Festival de Curtas de São Paulo é a primeira realizada sem sua criadora, Zita Carvalhosa

A vitrine dos filmes breves
A vitrine dos filmes breves
Memória. A Garota das Telas (1988), de Cao Hamburger, e Amor! (1994), de José Roberto Torero, integram uma seção com títulos produzidos por Zita – Imagem: Superfilmes e Acervo/Cao Hamburguer
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A nova edição do Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que começou na quinta-feira 21 e vai até o dia 31, é a primeira realizada sem a presença de sua criadora, Zita Carvalhosa.

Zita, que morreu no mês passado, aos 65 anos, criou o evento em 1990 e, desde então, estava à frente dele. Dentre as homenagens póstumas que recebeu, havia várias de cineastas que fizeram sua estreia em festivais no Kinoforum.

Quando Zita criou essa vitrine, como lembram Márcio Miranda Perez e Vânia Silva, os novos coordenadores do evento, o curta-metragem era uma frente de resistência de uma produção combalida pelo fim da Embrafilme e pelo impacto do entretenimento doméstico sobre o cinema.

Sem condições de fazer longas-metragens, muitos diretores recorreram ao curta para se manter em atividade. À época, a tela do cinema era praticamente a única janela disponível para o formato – daí a relevância de um festival voltado a ele.

“Hoje, esse cenário mudou significativamente”, dizem Perez e Vânia. “O curta-metragem conquistou novas janelas de exibição, como plataformas de streaming, redes sociais e canais de vídeo online, tornando-se um formato mais acessível, tanto para quem produz quanto para quem assiste. Ele deixou de ser apenas um trampolim e passou a ser reconhecido como uma forma artística com linguagem própria.”

Nesse contexto, o festival perdeu seu papel de única janela possível, mas passou a assumir a função de fomentar encontros e trocas em torno do formato e de ser, ele próprio, um lugar voltado à formação.

Nesta 36ª edição, o Kinoforum exibirá gratuitamente – em espaços como o ­CineSesc, a Cinemateca Brasileira, o MIS e o Espaço Petrobras de Cinema – 253 filmes vindos de 60 países.

Na seleção há títulos premiados em festivais renomados, como Cannes, ­Veneza, Berlim e Sundance, além de mostras temáticas e, é claro, um recorte significativo da produção brasileira.

Em homenagem a Zita, haverá uma mostra com curtas-metragens nos quais ela figurou como produtora. Dentre eles, estão títulos marcantes do fim dos anos 1980 e início dos 1990, como a animação A Garota das Telas (1988), de Cao ­Hamburger, que poucos anos depois faria o Castelo Rá-Tim-Bum, para a TV Cultura, e Amor! (1994), de José Roberto Torero. •

Publicado na edição n° 1376 de CartaCapital, em 27 de agosto de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A vitrine dos filmes breves’

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