Política
CCJ do Senado aprova o voto impresso na reforma eleitoral
Proposta por Esperidião Amin (PP-SC), a emenda prevê que a urna deverá imprimir o registro de cada voto


Após uma série de adiamentos, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, nesta quarta-feira 20, o texto-base do novo Código Eleitoral. Foram 20 votos favoráveis e seis contrários ao parecer de Marcelo Castro (MDB-PI). Por meio de uma emenda, a oposição conseguiu incluir no texto o voto impresso.
Para valer nas eleições de 2026, o projeto ainda tem de passar pelo plenário da Casa Alta, receber o aval da Câmara e ser sancionado até outubro.
O substitutivo de Castro estabelece o afastamento de agentes de segurança, do Judiciário e do Ministério Público que desejem se candidatar a cargos eletivos e prevê responsabilizar a divulgação de fake news no período eleitoral com pena de dois meses a um ano de reclusão.
O novo Código Eleitoral define que conteúdos eleitorais produzidos com base em inteligência artificial devem ser expressamente identificados. A proposta proíbe o uso de IA para gerar conteúdo sintético ou simular vozes e imagens de pessoas vivas ou falecidas em alguns casos, a exemplo de favorecer ou prejudicar candidaturas.
A matéria ainda altera o prazo de inelegibilidade de políticos condenados por crimes comuns. Em junho, uma nota técnica do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral apontou que a medida atenta “contra o princípio da moralidade pública e compromete a integridade” das eleições, configurando um “grave retrocesso institucional”.
Atualmente, o político fica impedido de disputar eleições desde a condenação, pelo tempo da pena e por mais oito anos. O texto aprovado pela CCJ reduz esse tempo para alguns delitos. Condenados por crimes de lavagem de dinheiro e contra a administração pública ainda estarão sujeitos à regra atual.
Além da articulação para atenuar a pena contra quem divulgar fake news nas eleições, a oposição bolsonarista aproveitou a votação do novo Código Eleitoral para aprovar, em votação separada, a inclusão de um trecho que obriga a impressão do voto nas eleições, uma obsessão da extrema-direita. Segundo o texto, a medida já valerá no primeiro pleito após a sanção.
Proposta pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), a emenda prevê que a urna deverá imprimir o registro de cada voto. Na sequência, o comprovante será automaticamente depositado, sem contato manual do eleitor, em uma urna lacrada. O relator havia se manifestado pela rejeição desse mecanismo, sob o argumento de que a “segurança da nossa urna eletrônica, que tem sido utilizada desde 1996, é hoje, sobejamente reconhecida”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Tarifas de Trump, guerra da Ucrânia e COP30: os temas do telefonema de Lula a Macron, segundo o Planalto
Por CartaCapital
Em reviravolta, CPMI do INSS elege o senador Carlos Viana como presidente
Por Vinícius Nunes