Economia

Cade suspende pacto de não comercializar soja de terras desmatadas na Amazônia

Trinta empresas exportadoras, entre elas gigantes como Cargill e Louis Dreyfus, têm dez dias para se desvincular, sob pena de fortes multas

Cade suspende pacto de não comercializar soja de terras desmatadas na Amazônia
Cade suspende pacto de não comercializar soja de terras desmatadas na Amazônia
As plantações de soja, milho e algodão tomam conta da paisagem – Imagem: Marcos Vergueiro/GOVMT
Apoie Siga-nos no

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), regulador de concorrência no Brasil, suspendeu uma moratória de grandes empresas que se comprometiam a não comprar soja proveniente de terras desmatadas na Amazônia, uma decisão fortemente criticada por ONGs ambientalistas, a três meses da COP30 em Belém.

O Cade anunciou na noite de segunda-feira 18 a suspensão como uma “medida preventiva”, alegando que o pacto, vigente desde 2006, é um “acordo anticompetitivo entre concorrentes que prejudica a exportação de soja”.

Trinta empresas exportadoras signatárias da moratória, entre elas gigantes como a americana Cargill e a francesa Louis Dreyfus, têm dez dias para se desvincular, sob pena de fortes multas.

O Cade decidiu abrir um processo administrativo contra essas empresas, após receber uma solicitação da Comissão de Agricultura da Câmara de Deputados.

Muitos parlamentares representam o poderoso lobby do agronegócio, um dos motores de crescimento do país,  o maior exportador de soja do mundo.

A moratória foi assinada em 2006 por representantes da indústria da soja, sob pressão principalmente do mercado europeu diante do aumento do desmatamento na floresta amazônica.

Os signatários se comprometeram a não comercializar soja proveniente de terras desmatadas na Amazônia a partir de 2008.

A suspensão gerou uma onda de críticas de organizações como a Mighty Earth, que afirmou que “pavimenta o caminho para ainda mais desmatamento em um dos ecossistemas mais vitais do planeta”.

“É inacreditável que a moratória tenha sido suspensa a apenas três meses da COP30”, lamentou por sua vez Cristiane Mazetti, representante do Greenpeace Brasil, citada em um comunicado.

“Ao suspender este acordo, o Cade não apenas estimula o desmatamento, mas também (…) silencia o direito do consumidor de escolher produtos que não contribuam para a devastação da Amazônia”, afirmou.

Segundo várias ONGs, o desmatamento caiu 69% entre 2009 e 2022 nas zonas incluídas na moratória.

A decisão do Cade, por outro lado, foi comemorada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que a considerou “um marco histórico na defesa da livre concorrência”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo