Do Micro Ao Macro

Belém ganha primeira unidade pública de compostagem antes da COP30

Estrutura terá capacidade de até 180 toneladas por mês e integrará catadores e agricultores familiares

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A capital paraense terá a primeira unidade pública de compostagem de resíduos orgânicos, com inauguração prevista para outubro. A iniciativa é do Instituto Pólis, em parceria com o Global Methane Hub (GMH), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (SEZEL) e da Secretaria Executiva de Inclusão Produtiva (SEINP).

O sistema será entregue antes da COP30 e permanecerá como legado para a cidade e referência para a Região Norte.

Estrutura mecanizada

A unidade utilizará tambor rotativo mecanizado com capacidade inicial de 150 toneladas por mês de resíduos alimentares. O volume poderá chegar a 180 toneladas mensais com a inclusão de podas e folhas. O objetivo é ampliar a reciclagem de resíduos orgânicos e reduzir a destinação ao aterro, responsável por liberar gases de efeito estufa.

Segundo Victor Argentino, coordenador de projetos do Instituto Pólis, a participação de trabalhadores da reciclagem é estratégica. “A compostagem realizada com catadores representa uma oportunidade de ampliar a reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil. Ao integrá-los nesse processo, é possível promover uma transição justa na gestão de resíduos, com benefícios socioambientais relevantes”, afirma.

Operação e legado

A instalação será acompanhada de capacitação técnica e apoio contínuo do Instituto Pólis, com foco em estimular novos projetos de compostagem e fortalecer políticas públicas locais. De acordo com Pamela Massoud, Secretária Executiva de Inclusão Produtiva da SEZEL, a cidade enfrenta um desafio estrutural. “Mais de 50% do que Belém envia ao aterro são resíduos compostáveis e orgânicos. Nosso pátio de compostagem terá capacidade de processar 15 toneladas por dia com maquinário que acelera o ciclo, em parceria com o Instituto Pólis”, explica.

Durante a COP30, a expectativa é processar cerca de 5 toneladas diárias de resíduos orgânicos gerados pelo evento, em 12 dias de duração. O composto produzido será destinado principalmente à agricultura familiar, integrando cooperativas de catadores e projetos como Composta Belém, Compostagem na Real e Usinas da Paz.

Impacto ambiental

Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG, 2022), resíduos orgânicos em aterros e lixões respondem por quase 10% das emissões de metano no Brasil. Em Belém, eles representam 31,5% das emissões de gases de efeito estufa e 99% do metano do município.

Para Adalberto Maluf, Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano do MMA, a nova estrutura terá alcance além da COP30. “A inauguração da primeira unidade pública de compostagem de Belém será uma referência para a Região Amazônica. A proposta é oferecer solução descentralizada e de baixo custo para tratar resíduos sólidos”, afirma.

Ele acrescenta que a iniciativa alia inovação e inclusão. “Estamos dando um passo concreto em direção a um modelo que combina tecnologia, inclusão social e preservação ambiental. É um exemplo de como transformar um desafio ambiental em oportunidade para gerar trabalho, apoiar a agricultura familiar e reduzir a poluição”, diz Maluf.

Expansão nacional

O Instituto Pólis também lidera a iniciativa Brasil Composta Cultiva, que estimula municípios a ampliar a reciclagem de resíduos orgânicos, reduzir emissões de metano e estruturar políticas de compostagem em larga escala. O projeto busca apoiar a implementação de novas unidades e ampliar a integração entre prefeituras, cooperativas e agricultores.

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