CartaCapital

A reunião entre Trump, Zelensky e líderes da UE para tentar resolver diferenças sobre a Rússia

O ucraniano pediu ao presidente dos EUA que instaure ‘a paz pela força’ contra Moscou

A reunião entre Trump, Zelensky e líderes da UE para tentar resolver diferenças sobre a Rússia
A reunião entre Trump, Zelensky e líderes da UE para tentar resolver diferenças sobre a Rússia
Encontro entre líderes europeus, Volodymyr Zelensky e Donald Trump na Casa Branca, em 18 de agosto de 2025. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reuniu nesta segunda-feira 18 com Donald Trump, com o apoio de vários líderes europeus e a esperança de salvar as crescentes diferenças com seu homólogo americano sobre um acordo de paz com a Rússia.

Trump pressiona a Ucrânia para que faça grandes concessões após sua cúpula com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Alasca, na semana passada. O chefe de Estado americano afirmou que Kiev devia renunciar à Crimeia e à adesão à Otan, duas das principais exigências de Moscou.

Mas Zelensky, que se reuniu com os europeus antes de ir com eles à Casa Branca, pediu a Trump que instaure “a paz pela força” contra a Rússia e insistiu na necessidade de que Washington forneça “garantias de segurança” ao seu país.

Trump e o líder ucraniano se encontraram a sós no Salão Oval. Na última vez que se reuniram neste mesmo local, em fevereiro, o presidente americano e seu vice-presidente, JD Vance, repreenderam Zelensky publicamente em uma cena incomum.

Posteriormente, Trump se reunirá separadamente com os líderes de Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Finlândia, além do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

“Deter as mortes”

Antes do encontro com os líderes europeus, Zelensky também teve uma reunião com o enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg.

“Nosso principal objetivo é uma paz confiável e duradoura para a Ucrânia e para toda a Europa”, publicou ele nas redes sociais antes da reunião. “Precisamos deter as mortes, e agradeço aos parceiros que estão trabalhando para alcançar isso e, em última instância, para alcançar uma paz duradoura e digna”, acrescentou.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou aos jornalistas no avião com destino à Washington: “Temos de garantir que haja faz, que seja uma paz duradoura, justa e equitativa”.

Sua homóloga italiana, Giorgia Meloni, afirmou que “está abrindo uma pequena janela ao diálogo” e que apoiava a ideia das garantias de segurança.

De acordo com informações, Putin estaria disposto a aceitar as garantias de segurança ocidentais para a Ucrânia caso um acordo de paz fosse alcançado, mas teria rejeitado a intenção de Kiev de se juntar à Otan a longo prazo.

A Rússia manteve seus ataques contra a Ucrânia antes das novas negociações, matando pelo menos sete pessoas, incluindo duas crianças, com drones e mísseis balísticos entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira, informaram autoridades ucranianas.

Zelensky chamou os ataques de uma tentativa de “humilhar os esforços diplomáticos”.

A cúpula entre Trump e Putin na semana passada no Alasca não alcançou um cessar-fogo para a guerra que dura quase três anos e meio e que começou com a invasão em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022.

Após o encontro, o mandatário americano deixou de insistir na necessidade de um cessar-fogo e defendeu que um acordo de paz completo, o que significa que as negociações poderiam continuar enquanto a guerra prossegue. Também alarmou Kiev e as capitais europeias ao repetir vários argumentos russos.

No domingo, Trump assegurou em sua plataforma Truth Social que Zelensky poderia “pôr fim à guerra com a Rússia quase imediatamente, se assim o quiser”, embora para isso a Ucrânia devesse renunciar à Crimeia e “não pudesse entrar na Otan”.

“Algumas concessões”

Segundo meios de comunicação dos EUA, Putin estaria disposto a congelar grande parte da frente atual de batalha na Ucrânia se Kiev aceitasse renunciar totalmente à região do Donbass (leste).

O enviado de Trump, Steve Witkoff, declarou que Moscou havia feito “algumas concessões” no terreno.

Entretanto, esta medida é considerada inaceitável para a Ucrânia, que ainda controla grande parte da área rica em recursos.

Yevgeny Sosnovsky, um fotógrafo da cidade ucraniana de Mariupol, que foi tomada, disse que “não consegue entender” como a Ucrânia poderia ceder território que já está sob seu controle.

“A Ucrânia não pode ceder nenhum território, nem mesmo os ocupados pela Rússia”, declarou à AFP.

Kiev e os líderes europeus têm alertado contra concessões políticas e territoriais à Rússia, cujo ataque à Ucrânia deixou dezenas de milhares de mortos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo