CartaExpressa
Justiça do DF nega punir bolsonarista por ofensas machistas a Gleisi Hoffmann
Para a juíza Thais Correia, a fala que insinuava trisal entre a ministra, Lindbergh Farias (PT) e Davi Alcolumbre (União) seria uma ‘crítica própria da política’; cabe recurso


A juíza Thais Correia, da 17ª Vara Cível do Distrito Federal, rejeitou condenar o deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) ao pagamento de 60 mil reais em indenização por ofensas à ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais. A sentença foi assinada na sexta-feira 15. Cabe recurso.
O caso envolve declarações feitas por Gayer em meio à nomeação da petista para chefiar a articulação política do governo Lula. Um dia após o presidente afirmar ter escolhido Gleisi por ela ser uma “mulher bonita”, o deputado sugeriu no X que a ministra integraria um trisal com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e o chefe do Senado, Davi Alcolumbre (União).
“Vai mesmo aceitar o seu chefe oferecer sua esposa para o Hugo Motta [presidente da Câmara] e Alcolumbre como um cafetão oferece uma GP??”, afirmou Gayer. A sigla GP é uma referência às profissionais do sexo. Em resposta, o deputado petista chamou o bolsonarista de “vagabundo” e “canalha”. Após a repercussão negativa, o deputado negou que tenha sido machista.
Para a magistrada do caso, as declarações de Gayer com insinuação sobre a vida íntima de Gleisi, que namora com Lindbergh, pode ser entendida como uma “crítica própria da política” e estaria protegida pela imunidade parlamentar do deputado. Correia também negou o pedido para remover a publicação feita pelo bolsonarista em março.
Escreveu a juíza: “É de se convir que os autores, como pessoas públicas, não estão infensos a críticas próprias da política, razão pela qual os comentários em apreciação não assumem, nesse contexto, força suficiente para causar prejuízo ao seu patrimônio moral, no sentido de aviltar-lhe a reputação ou o seu nome no meio”.
A reportagem busca contato com a assessoria da ministra Gleisi Hoffmann para comentar o assunto.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Justiça nega recurso de Bolsonaro e mantém decisão favorável a Boulos em ação sobre o caso Marielle
Por Wendal Carmo
Moraes proíbe Gayer de visitar Bolsonaro em prisão domiciliar
Por CartaCapital