Mundo
Rússia declara ‘indesejável’ no país a ONG Repórteres Sem Fronteiras
A decisão equivale, na prática, a proibir as atividades da RSF, uma vez que expõe as pessoas que trabalham para ela a graves processos judiciais


O Ministério da Justiça da Rússia declarou “indesejável” a presença da ONG de defesa da imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) no país, o que equivale, de fato, à sua proibição — em plena repressão de toda dissidência no país.
De acordo com uma lista oficial publicada no site do ministério e consultada nesta quinta-feira 14 pela AFP, a RSF passa agora a fazer parte das organizações “estrangeiras cujas atividades são consideradas indesejáveis” em território russo.
Na Rússia, declarar uma organização como “indesejável” equivale, na prática, a proibir suas atividades, uma vez que expõe as pessoas que trabalham para ela ou a financiam a graves processos judiciais, incluindo penas de prisão.
Desde a ofensiva em grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, as autoridades russas intensificaram consideravelmente a repressão às vozes dissidentes, prendendo centenas de pessoas e proibindo dezenas de ONGs e veículos de comunicação.
A RSF, com sede na França, denuncia regularmente essas violações à liberdade de expressão e presta assistência a jornalistas perseguidos na Rússia.
Em seu site, a ONG lamenta que “quase todos os meios de comunicação independentes” tenham sido proibidos na Rússia, bloqueados e/ou declarados “agentes estrangeiros ou organizações indesejáveis”.
Moscou elaborou pela primeira vez uma lista de organizações “indesejáveis” em 2015. Atualmente, ela inclui mais de 250 organismos, entre eles as ONGs Anistia Internacional, Greenpeace, além de vários veículos de comunicação.
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