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Reação enérgica

Atrasada na corrida contra as gigantes Tesla e BYD, a Ford aposta em uma picape elétrica de baixo custo para recuperar o tempo perdido

Reação enérgica
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Carros elétricos da BYD terão inteligência artificial chinesa integrada em seus sistemas de direção. Foto: GREG BAKER / AFP
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A Ford resolveu enfrentar os elétricos chineses com um lançamento que deve combinar preço e tecnologia em uma picape elétrica de baixo custo. O lançamento, previsto para 2027, será de um veículo com preço para o consumidor no valor de 30 mil dólares, em torno de 155 mil reais. O anúncio foi feito no início da semana em um evento na fábrica da empresa em Louisville, Kentucky. O valor do investimento inicial informado foi de 2 bilhões de dólares, a maior parte para reforma das instalações.

A iniciativa da Ford busca recuperar o tempo perdido no competitivo mercado de carros elétricos, atualmente liderado por Tesla e BYD. Chegar com atraso a um segmento onde os concorrentes já se consolidam como referência em qualidade representa um desafio custoso. Além dos aspectos técnicos, será necessário preparar o consumidor para, dentro de dois anos, receber as mensagens de uma marca associada a grandes feitos do passado e à tradição da indústria automobilística norte-americana, mas nem sempre vista como símbolo de inovação ou futuro.

Mais uma caneta

A Hypera, uma das gigantes do setor farmacêutico nacional, informou sua entrada no segmento de canetas emagrecedoras. Dona das marcas Zero Cal, Coristina D, Doril, Lisador e dezenas de outras presentes no dia a dia dos brasileiros, a empresa lançará seus medicamentos à base de semaglutida no fim de 2026. O lançamento deve dar mais fôlego para a companhia, que faturou perto de 7,5 bilhões de reais em 2024 e tem muita força no varejo. É provável, portanto, que consiga ampla distribuição do novo produto.

A entrada da EMS e, agora, da Hypera­ no segmento deve pressionar as marcas internacionais a buscar preços mais competitivos. A grande massa de consumidores do Brasil está nas classes B2 e C, mais sensíveis ao custo. A presença de ambas deve movimentar também o segmento de endocrinologia. O sonho de muitos é emagrecer com apenas uma picadinha semanal, mas, para isso, é preciso ter a receita assinada por um médico.

Agora é moda

A Farm é uma marca conhecida e desejada especialmente pelos jovens. Tem um certo ar despojado e de leveza com roupas a preços competitivos e design marcante. Para alguns, é “a cara do Rio de Janeiro”. Agora a grife está expandindo seu potencial com a Farm ETC, voltada para artigos para casa, viagem, esportes e papelaria.

Todos os itens seguem o espírito Farm. Cores vibrantes, ilustrações e forte apelo para o design mais despojado e nada minimalista. A aposta obedece a um fundamento claro. A Farm tem uma identidade reconhecida pelas consumidoras. Com artigos fora da linha vestuá­rio, a marca pode tornar-se ainda mais visível e lembrada. Além disso, os artigos de papelaria permitem antecipar a experiência com a marca a partir de produtos de menor valor.

Cadernos, agendas e blocos de anotações ainda fazem parte de um universo adolescente e jovem. São itens manuseados diariamente. Podem contribuir com uma assimilação da marca para render bons negócios no futuro, quando esses consumidores tiverem renda própria.

Onde colocar o notebook

A Fast Shop e a Westwing iniciaram uma parceria ousada. A rede de eletrônicos e tecnologia começa a oferecer em seu e-commerce móveis e itens de decoração. No futuro, é provável que os produtos também estejam disponíveis em algumas lojas da Fast Shop. A venda no varejo físico está sendo testada na loja do ­Shopping Eldorado, em São Paulo.

A lógica do negócio, com a comunicação acertada, é coerente. Equipamentos eletrônicos deixaram de ser vendidos exclusivamente pela funcionalidade há tempos. Máquinas de café se transformaram em objetos de decoração. Geladeiras nas cozinhas abertas fazem parte do design dos apartamentos. Nada mais lógico do que combinar tudo com móveis e outros artigos. O desafio será compor cenários para fazer o consumidor entender, uma espécie de “visite unidade decorada”. O site ainda segue o padrão convencional de produto/preço. Talvez seja hora de inovar nisso também.

Na planta

A RHI Magnesita, líder em tecnologias refratárias, lançou o projeto “O Frete Muda”, que une logística e reflorestamento. Em parceria com transportadoras, cada frete gera a doação de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e do Cerrado para áreas degradadas. A primeira entrega destinou 1,7 mil mudas à cidade mineira de Betim, em parceria com a OTM Logística. O projeto prevê uma produção anual de 20 mil mudas. •

Publicado na edição n° 1375 de CartaCapital, em 20 de agosto de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Reação enérgica’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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