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Índia suspende compras de armas dos EUA em resposta a tarifas de Trump, mas mantém abertura ao diálogo

A resposta indiana inclui o cancelamento da viagem do ministro da Defesa, Rajnath Singh, a Washington, onde ele planejava formalizar a compra de seis aeronaves

Índia suspende compras de armas dos EUA em resposta a tarifas de Trump, mas mantém abertura ao diálogo
Índia suspende compras de armas dos EUA em resposta a tarifas de Trump, mas mantém abertura ao diálogo
Índia suspende compras de armas dos EUA em resposta a tarifas de Trump. Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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A Índia suspendeu diversos projetos de compra de armas dos Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar tarifas adicionais de 25% sobre produtos indianos. A medida, segundo Washington, visa punir Nova Déli por continuar comprando petróleo russo, o que, na visão norte-americana, ajuda a financiar a guerra na Ucrânia.

A resposta indiana inclui o cancelamento da viagem do ministro da Defesa, Rajnath Singh, a Washington, onde ele planejava formalizar a compra de seis aeronaves de vigilância Boeing P-8i Poseidon, avaliadas em US$ 3,6 bilhões. Também foram afetadas negociações para aquisição de veículos blindados Stryker e mísseis antitanque Javelin.

Nova Déli classificou a decisão dos EUA como “injusta, injustificada e irracional”. O primeiro-ministro Narendra Modi afirmou que “a Índia jamais fará concessões” em relação aos interesses de seus agricultores — setor que emprega grande parte da população e tem sido ponto sensível nas negociações comerciais.

As taxas de 25% já em vigor dobrarão para 50% se a Índia não chegar a um acordo. As tarifas alfandegárias impostas sobre produtos indianos são uma das mais altas entre os parceiros comerciais dos EUA, afetando duramente empresas locais.

Índia segue aberta ao diálogo

Embora Trump tenha um histórico de usar tarifas como ferramenta de negociação e recuar em algumas delas, a Índia se mostra disposta a continuar o diálogo comercial.

Fontes indianas disseram à Reuters que o país está aberto a reduzir suas importações de petróleo russo, desde que consiga preços semelhantes de outros fornecedores, incluindo os Estados Unidos.

O governo americano deu à Índia um prazo de três semanas, até 27 de agosto, para encontrar alternativas ao petróleo russo. O ex-diplomata indiano Syed Akbaruddin escreveu no Times of India que trata-se de “uma emboscada geopolítica com um estopim de 21 dias”.

O impasse interrompe a reaproximação entre Índia e EUA nos últimos anos, especialmente na área de defesa, na qual Nova Déli ainda depende fortemente da Rússia. As críticas de Trump também colocam pressão sobre Modi, que lidera a nação mais populosa do mundo e a quinta maior economia global.

Impactos na economia indiana

A compra de petróleo russo, até então, economizou bilhões de dólares em custos de importação para a Índia, mantendo os preços domésticos dos combustíveis relativamente estáveis. A troca de fornecedores provavelmente levará a aumentos de preços, mas não tomar essa medida poderá prejudicar as exportações indianas.

A Federação das Organizações de Exportação da Índia alertou que o custo de tarifas adicionais dos EUA corre o risco de tornar muitos negócios “inviáveis”. Urjit Patel, ex-presidente do banco central indiano, disse que as ameaças de Trump eram o “pior medo” da Índia.

(Com informações da Reuters e AFP)

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