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ONU: plano de Netanyahu de ocupar totalmente Gaza trará ‘mais sofrimento insuportável’
A ideia do governo israelense, que inclui a formação de um governo civil sem o Hamas ou a Autoridade Palestina, foi criticada pela comunidade internacional
A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou o plano de Israel para ocupar militarmente a Faixa de Gaza. Segundo o alto comissário das Nações Unidas, Volker Turk, a proposta deve agravar ainda mais a situação na Palestina.
“Com base em todas as evidências até o momento, essa nova escalada resultará em deslocamentos forçados mais massivos, mais mortes, mais sofrimento insuportável, destruição sem sentido e crimes atrozes”, diz um comunicado oficial assinado por Turk.
Segundo ele, o governo de Benjamin Netanyahu deveria priorizar a proteção da população civil de Gaza. Ele também fez uma defesa da ideia de que Israel permita que a ajuda humanitária entre na região sem restrições.
“A guerra em Gaza precisa acabar agora. E israelenses e palestinos precisam ter o direito de viver lado a lado em paz”, afirmou. “Os reféns devem ser liberados imediata e incondicionalmente pelos grupos armados palestinos. Os palestinos detidos arbitrariamente por Israel também devem ser libertados imediata e incondicionalmente”, complementou.
O plano de Netanyahu estabelece o desarmamento do Hamas, o controle total da segurança de Gaza por parte de Israel, bem como a desmilitarização da região. Israel também propõe a criação de um governo civil local, dispensando o Hamas e a Autoridade Palestina.
Críticas
Quem também criticou a proposta foi o premiê britânico, Keir Starmer. Segundo ele, “a decisão do governo israelense de intensificar ainda mais sua ofensiva em Gaza está errada”. “A cada dia, a crise humanitária em Gaza piora e os reféns capturados pelo Hamas continuam sendo mantidos em condições terríveis e desumanas. Precisamos de um cessar-fogo agora”, afirmou.
Na Alemanha, o governo afirmou que a decisão israelense cria mais pessimismo pelo fim do conflito na Faixa de Guerra. Apesar de incentivar o direito israelense de se defender contra o Hamas, o governo alemão decidiu desautorizar qualquer exportação de equipamentos militares a Israel até nova ordem.
‘Crime de guerra’
O movimento islamista palestino Hamas, por sua vez, disse considerar o plano de Netanyahu como um “novo crime de guerra”. O grupo alertou que se Israel tirar a ideia do papel significará o “sacrifício” dos reféns.
“A aprovação pelo gabinete sionista dos planos para ocupar a Cidade de Gaza e evacuar seus habitantes constitui um novo crime de guerra que o Exército de ocupação deseja cometer contra a cidade e seus cerca de um milhão de habitantes”, reagiu o movimento islamista palestino.
“Esta aventura criminosa sairá cara e não será uma jornada fácil” para o Exército israelense, acrescenta o comunicado divulgado no Telegram.
A decisão de ocupar a Cidade de Gaza, anunciada na madrugada desta sexta-feira após uma reunião do gabinete de segurança do primeiro-ministro israelense, “confirma que o criminoso [primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu e seu governo nazista não se preocupam com o destino dos reféns”, concluiu o grupo em um comunicado.
O Hamas mantém 49 reféns em seu poder, dos quais 27 estariam mortos, desde seu ataque sangrento em 7 de outubro de 2023 em território israelense.
(Com informações de AFP)
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