Economia
Em ata, Copom justifica a decisão que manteve a Selic em 15% ao ano; leia a íntegra
O colegiado citou incertezas causadas pelo tarifaço de Trump como uma das explicações para a manutenção dos juros nas alturas


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira 5 a ata da reunião de julho, em que optou por manter a taxa Selic em 15% ao ano. O colegiado justificou a decisão diante de ‘preocupações’ com a recente decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras.
Segundo o documento, o tarifaço gera “impactos setoriais relevantes”, embora seus efeitos gerais ainda sejam incertos e dependam do avanço das negociações comerciais. O colegiado avaliou que o ambiente externo se tornou “mais adverso e incerto”, em razão da política fiscal e comercial norte-americana. Para o Copom, esse contexto aumenta a necessidade de prudência.
“O comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, afirmou a diretoria do BC.
O Banco Central reforçou que continuará a observar como a conjuntura internacional influencia a inflação no Brasil. “O comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, registrou o documento.
Juros seguirão altos por ‘período bastante prolongado’
Para garantir a convergência da inflação à meta, o Copom reiterou a necessidade de manter a política monetária em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado”. Na prática significa dizer que a Selic será mantida nas alturas por mais alguns meses. A expectativa do mercado, diante das explicações, é que a taxa de juros não sofra modificações até o final do ano.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, concluiu o grupo, sinalizando que poderá subir ainda mais os juros caso haja mudanças no cenário citado.
A Selic, hoje no nível mais alto em quase duas décadas, não alcançava o patamar de 15% ao ano desde julho de 2006, no fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Leia a íntegra da ata do Copom:
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