Economia
Tarifaço: O caminho para acordo entre Brasil e EUA na mineração, segundo Haddad
A estratégia do governo Lula, afirmou o ministro da Fazenda, será ‘despolitizar o debate comercial’


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou ser possível uma reunião ainda nesta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. A pauta do encontro, porém, não envolveria a soberania nacional, apenas “questões bilaterais”, segundo o petista.
Em entrevista à Rádio BandNews FM nesta segunda-feira 4, Haddad declarou haver setores “aflitos com uma tarifa exorbitante de 50%”, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter poupado quase 700 itens da sobretaxa.
“O comércio internacional não pode ser utilizado para interesses eleitorais de um país que quer ver o nosso País governado por forças que querem entregar as riquezas naturais, incluindo as terras raras, os minerais críticos, a questão da regulação das big techs, a questão do Pix“, disse o ministro.
Haddad abriu caminho, porém, para ampliar as trocas em interesses estratégicos.
“Em se tratando da maior economia do mundo, o Brasil pode participar mais do comércio bilateral. E sobretudo de investimentos estratégicos”, avaliou. “Temos minerais críticos e terras raras. Os EUA não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação, para produzir baterias mais eficientes. Na área tecnológica temos muito aprender e ensinar.”
A estratégia do governo, prosseguiu, será “despolitizar o debate comercial”. Ele criticou o fato de o Brasil ter sido mais penalizado que países antidemocráticos e atribuiu a ofensiva de Trump à atuação da oposição — sem citar diretamente figuras como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com Haddad, houve uma “politização” sem paralelo do aspecto tarifário. “Estamos falando de países que têm governos autoritários e despóticos, e nem por isso as tarifas foram usadas com finalidade política. Aqui, em virtude de a oposição ter se mobilizado contra os interesses nacionais, mudou de maio para julho a posição dos Estados Unidos.”
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