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Atenção, donos de restaurantes: queda no preço do azeite deve acontecer nos próximos meses

Alta produção global e corte de imposto no Brasil favorecem a redução, mas custos logísticos e cambiais ainda limitam o repasse

Atenção, donos de restaurantes: queda no preço do azeite deve acontecer nos próximos meses
Atenção, donos de restaurantes: queda no preço do azeite deve acontecer nos próximos meses
Diversas marcas de azeite apresentaram inconsistência nos registros junto ao MAPA. Foto: Reprodução/Ministério da Agricultura e Pecuária
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A safra global de azeite em 2024/2025 deve atingir 3,375 milhões de toneladas, segundo o International Olive Council. Isso representa um aumento de 32% sobre a safra anterior e configura uma das maiores recuperações da produção mundial nas últimas décadas.

Esse aumento da oferta tem contribuído para a queda dos preços internacionais. Entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, a cotação por tonelada caiu de 10 mil dólares (US$) para cerca de US$ 5.500.

Para o Brasil, país que depende quase integralmente de importações, essa movimentação tem impacto direto. A expectativa de representantes do setor é de que o preço ao consumidor brasileiro possa cair até 10% ao longo de 2025.

Isenção de imposto

O governo federal eliminou, neste ano, a alíquota de 9% do imposto de importação sobre o azeite. A medida, somada ao aumento da produção global, colabora para um cenário mais favorável à redução gradual dos preços no país.

Segundo Eduardo Casarin, country manager Brasil & LATAM da Filippo Berio, a combinação desses fatores abre espaço para um movimento de queda. No entanto, ele alerta: o repasse ao consumidor será progressivo e desigual entre marcas e categorias.

Custos e contratos ainda seguram os preços

Entre os principais entraves estão os contratos de importação firmados anteriormente, ainda baseados em preços elevados. Além disso, os custos de transporte marítimo e seguros internacionais seguem em alta.

Outros fatores também limitam o repasse da queda global:

  • Estoques antigos adquiridos a preços mais altos

  • Valorização do euro frente ao real

  • Margens elevadas de distribuição

  • Manutenção de tributos como ICMS e PIS/COFINS

Casarin afirma que o consumidor brasileiro só deve perceber redução de preços ao longo do segundo semestre, especialmente em marcas mais dependentes da importação europeia.

Itália segue como referência em qualidade

Mesmo sem liderar a produção em volume, a Itália permanece como parâmetro para o mercado premium. O país deve produzir cerca de 240 mil toneladas nesta safra, o equivalente a 6,6% do total mundial.

Segundo Casarin, o azeite italiano é valorizado no Brasil pela tradição e qualidade, o que sustenta preços mais altos, mesmo com a maior oferta global. Essa percepção de superioridade também pesa na composição final de preços para o consumidor.

Redução será progressiva

Embora o cenário internacional favoreça a queda de preços, Casarin destaca que a cadeia brasileira é impactada por fatores estruturais que dificultam o repasse imediato ao varejo.

Na prática, o mercado deve passar por um ajuste lento, em que a melhora na oferta encontra barreiras como logística cara, câmbio desfavorável e estrutura tributária complexa.

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