Do Micro Ao Macro
Saiba o que sustenta a longevidade das empresas familiares no Brasil
Mapeamento de valores, governança e comunicação estratégica estão no centro das práticas que favorecem a continuidade geracional
Segundo um levantamento da PwC Brasil, 90% das empresas nacionais têm gestão familiar. No entanto, apenas 36% delas alcançam a segunda geração. O número cai para 7% na quarta geração.
A pesquisa, divulgada em 2023, destaca o desafio da sucessão como um dos principais fatores que comprometem a permanência dessas organizações no longo prazo.
Para ampliar a longevidade, especialistas apontam a necessidade de estruturar a cultura interna de modo a preservar e operacionalizar os princípios da família fundadora. A consultoria BMI, especializada em gestão e cultura organizacional, defende que o alinhamento entre valores, práticas e governança pode sustentar o legado ao longo de gerações.
“Os valores de uma família empresária são um ativo. Mas precisam ser traduzidos em critérios que orientem decisões concretas”, afirma Ana Paula Vitelli, diretora da BMI.
A seguir, três pontos destacados por ela ajudam a entender como os negócios familiares podem fortalecer sua continuidade.
Mapeie os valores
O primeiro passo está na identificação dos princípios que nortearam a criação do negócio.
Segundo Ana Paula, esse processo deve incluir entrevistas com fundadores, herdeiros e gestores. Além disso, é importante analisar os momentos decisivos da trajetória da empresa e realizar workshops para identificar os pontos de consenso.
O resultado costuma ser um documento formal, como uma Carta de Valores ou um Código de Cultura. Nele, ficam descritas as crenças que guiam a tomada de decisão e a forma como o grupo atua no mercado.
Conecte à governança
Após a definição dos valores, o passo seguinte envolve inseri-los nos processos formais da companhia.
Isso inclui critérios de avaliação de desempenho, políticas de contratação e promoção, diretrizes para seleção de fornecedores e parâmetros para investimentos.
Dessa forma, os valores passam a integrar o cotidiano da empresa, servindo como base para decisões operacionais e estratégicas.
Transmita continuamente
Manter os princípios vivos exige comunicação interna estruturada e ações permanentes.
Ana Paula explica que a narrativa da empresa precisa alcançar todos os setores por meio de um plano de comunicação consistente.
Além disso, programas de treinamento voltados para as lideranças devem reforçar os valores e garantir que os princípios estejam presentes nas decisões.
Outro ponto destacado é a integração dessa cultura nos processos de integração de novos funcionários e membros da família. Isso contribui para criar um ciclo onde os valores alimentam o negócio e o próprio negócio os reforça para o futuro.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Pequenas empresas familiares impulsionam o PIB e enfrentam desafios para sobreviver
Por CartaCapital
PJ x CLT: Conheça os maiores erros que as empresas cometem ao contratar e como evitá-los
Por Do Micro ao Macro



