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Trump ordena o envio de submarinos nucleares após comentários russos ‘provocativos’
Trata-se de uma reação do magnata a declarações do ex-presidente Dmitri Medvedev sobre ‘ultimatos’ da Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta sexta-feira 1º, ter ordenado o envio de “dois submarinos nucleares nas regiões apropriadas”, após comentários “provocativos” do ex-presidente russo Dmitri Medvedev.
O republicano de 79 anos protagonizou uma reaproximação com seu par russo, Vladimir Putin, pouco depois de retornar ao poder, em janeiro.
Ele estava convencido de que sua boa relação com o presidente da Rússia permitiria pôr fim rapidamente à guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.
Mas Putin seguiu adiando e Trump ficou cada vez mais frustrado. Segundo uma análise da AFP, a Rússia lançou mais ataques com drones contra a Ucrânia em julho do que em qualquer outro mês desde a invasão.
“Ordenei que dois submarinos nucleares se posicionassem nas regiões apropriadas, caso estas declarações insensatas e incendiárias sejam mais do que isso”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
“As palavras são muito importantes e, muitas vezes, podem ter consequências imprevistas, espero que este não seja um desses casos.”
Trump não especificou se fazia referência a submarinos de propulsão nuclear ou armados com armas nucleares. Também não deu detalhes sobre onde seriam posicionados nem esclareceu a quais comentários de Medvedev se referia.
Medvedev foi presidente da Rússia de 2008 a 2012, entre dois mandatos de Putin, e na época era considerado reformista e moderado.
“Um passo em direção à guerra”
Desde 2022, Medvedev tem feito declarações cada vez mais provocadoras, especialmente sobre a ameaça de um conflito nuclear. No entanto, sua influência na política russa segue limitada.
Na quinta-feira, criticou Trump citando “a famosa ‘mão morta'”, em alusão a um sistema automatizado ultrassecreto criado pela União Soviética durante a Guerra Fria para assumir o controle de seu arsenal nuclear caso a cadeia de comando fosse destruída.
Em 28 de julho, em outra mensagem no X, o atual vice-presidente e número dois do Conselho de Segurança do país escreveu que cada novo ultimato de Trump para encerrar o conflito bélico na Ucrânia “era uma ameaça e um passo em direção à guerra” com os Estados Unidos.
O presidente americano ameaça impor sanções econômicas à Rússia caso Putin não encerre as hostilidades na Ucrânia até o fim da próxima semana.
Trump cogita aplicar as chamadas sanções “secundárias”, ou seja, aquelas impostas a países que compram petróleo russo, com o objetivo de cortar essa fonte essencial de receita para a máquina de guerra russa.
“Todas as noites”
A análise da AFP, que utilizou dados publicados pela força aérea ucraniana, mostra que o Exército russo lançou 6.297 drones de longo alcance contra a Ucrânia no mês passado, um aumento de quase 16% em comparação com junho, e o terceiro aumento mensal consecutivo.
Entre janeiro e junho, a Rússia triplicou o número de mísseis disparados contra a Ucrânia (77 frente a 239, e depois 198 em julho), de acordo com os dados.
Esses ataques aéreos ocorrem todas as noites, obrigando os moradores a buscar um local para se refugiar, muitas vezes em seus banheiros ou nos corredores do metrô, enquanto soam os alarmes de alerta.
Os ataques russos contra Kiev causaram 31 mortes na madrugada de quinta-feira, segundo um balanço atualizado das autoridades. É um dos ataques mais mortíferos na capital desde o início da guerra.
Entre as vítimas há cinco crianças, das quais “a mais nova tinha apenas dois anos”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Alguns moradores foram ao local para prestar homenagem às vítimas, depositando flores e brinquedos. Entre eles estava Irina Drozd, de 28 anos, que mora no bairro com sua família. “Nossos filhos poderiam ter morrido”, declarou à AFP.
Apesar de tudo, Putin assegurou nesta sexta-feira que deseja uma “paz duradoura”. Zelensky voltou a pedir ao líder russo uma reunião entre os dois para negociar.
Mas Putin também reiterou que Moscou poderia instalar mísseis Oreshnik, sem ogiva nuclear, em breve em Belarus, aliado de Moscou e vizinho de vários países da Otan e da União Europeia.
“Nossos especialistas” bielorrussos e russos “escolheram a localização das futuras posições” das baterias de mísseis, declarou.
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