Manuela Carta

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Copo meio cheio, meio vazio

O tarifaço de Donald Trump não provocou o cataclismo alardeado por boa parte dos analistas, e tão desejado por quem conspira contra o País para barganhar uma anistia a Jair Bolsonaro. Quase 700 itens foram poupados da SOBRETAXA de 50% que o governo dos EUA aplicará […]

Copo meio cheio, meio vazio
Copo meio cheio, meio vazio
A “intocável” Zambelli é presa na Itália. O Brasil deixa o Mapa da Fome. E Jean Wyllys volta do exílio – Imagem: Redes Sociais/Jean Willys, Jaelson Lucas/Prefeitura de Curitiba e Mateus Bonomi/Agif/AFP
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O tarifaço de Donald Trump não provocou o cataclismo alardeado por boa parte dos analistas, e tão desejado por quem conspira contra o País para barganhar uma anistia a Jair Bolsonaro. Quase 700 itens foram poupados da SOBRETAXA de 50% que o governo dos EUA aplicará aos produtos brasileiros. A longa lista de exceções, anunciada na quarta-feira 30, trouxe alívio a diversos setores da economia, mas o Brasil deve preparar-se para o assédio constante do presidente norte-americano. Os ataques ao Pix e a cobiça pelas gigantescas – e ainda pouco exploradas – reservas nacionais de minerais críticos seguem no radar.

A edição desta semana traz, ainda, uma notícia alentadora: pela segunda vez, o Brasil saiu do MAPA DA FOME. O avanço é atribuído por especialistas a um conjunto de ações do governo federal, como o reforço do Bolsa Família, a geração recorde de empregos e a retomada da política de valorização do salário mínimo, mas não só. Foi preciso reestruturar todo o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ­(Sisan), dilapidado pelos governos Temer e Bolsonaro.

Na pandemia, o desmonte da rede de proteção social produziu cenas dramáticas: filas de famélicos em busca de ossos voltaram a ocupar as ruas do País. Agora, menos de 2,5% da população está sob risco de desnutrição, segundo a FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura. Ainda assim, 7 milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar severa, e outros 28,5 milhões vivem sua forma moderada. Vencemos uma batalha, mas a guerra está longe de acabar.

Outra notícia alvissareira é a prisão da deputada Carla Zambelli. Condenada a 10 anos de reclusão por invadir e inserir documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça, ela deixou o País pela porta dos fundos e relatou à imprensa, com orgulho, todos os passos de sua espetaculosa fuga. Com cidadania italiana, buscou refúgio em Roma, onde se considerava “INTOCÁVEL”. Agora, aguarda em uma penitenciária feminina a decisão da Justiça local sobre o pedido de extradição apresentado pelas autoridades brasileiras. Mesmo que a solicitação seja negada, permanece a possibilidade de que Zambelli cumpra pena na Itália, a exemplo do que ocorreu com o jogador de futebol Robinho, condenado por estupro por um tribunal italiano e, posteriormente, encarcerado no Brasil.

Depois de seis anos no exílio, Jean Wyllys, um dos primeiros inimigos públicos de Bolsonaro, está de volta ao Brasil. O ex-deputado prepara-se para lançar seu sexto livro e reflete, em entrevista ao site de CartaCapital, sobre os impactos da perseguição política movida pelo ex-presidente e seus capangas do GABINETE DO ÓDIO. “A violência que sofri interrompeu minha vida por quatro anos e meio, deixando feridas profundas”, desabafa. “Mas me sinto feliz de estar vivo para ver ele prestes a ser preso.”

Boa leitura!

Publicado na edição n° 1373 de CartaCapital, em 06 de agosto de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Copo meio cheio, meio vazio’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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