Política
Motta defende Moraes e diz que Brasil não pode apoiar nenhuma sanção
Em comunicado nas redes sociais, o presidente da Câmara disse ainda que a Casa será espaço de defesa da institucionalidade e do Brasil


Horas após o governo dos Estados Unidos enquadrar o ministro do STF Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou não ser possível apoiar sanções de nações estrangeiras a autoridades de qualquer poder da República.
“Como país soberano não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República. Isso vale para todos os parlamentares, membros do executivo e ministros dos Tribunais Superiores”, declarou o deputado.
Em comunicado nas redes sociais, Motta não mencionou diretamente a sanção imposta a Moraes, mas disse que a Câmara será espaço de defesa da institucionalidade e do Brasil. “A democracia brasileira é sustentada por três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — que devem atuar com independência e harmonia, como estabelece a Constituição”, escreveu.
A medida do presidente Donald Trump foi anunciada nesta terça-feira 30 pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), do Departamento do Tesouro dos EUA, sob a acusação de que o magistrado utilizou sua posição para autorizar detenções arbitrárias, reprimir a liberdade de expressão e conduzir uma campanha politicamente motivada contra opositores.
Para o secretário do Tesouro, Scott Bessent, Moraes lidera uma “caça às bruxas ilegal” contra cidadãos e empresas brasileiras e americanas, incluindo a perseguição de jornalistas e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). É a primeira vez que a lei, criada em 2016 para punir estrangeiros envolvidos em violações dos direitos humanos e corrupção, é utilizada contra um brasileiro.
Além de Motta, outros líderes políticos também reagiram à medida do governo norte-americano. O advogado-geral da União Jorge Messias classificou a iniciativa da Casa Branca como “arbitrária e injustificável” e prometeu ações “ponderadas e conscientes” para resguardar a soberania do País e a independência do Judiciário.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), disse que a ação do governo Trump é um “ato violento e arrogante”. “Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro ao País. Nenhuma Nação pode se intrometer no Poder Judiciário de outra. Solidariedade ao ministro e ao STF. Repúdio total do governo Lula”, escreveu.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Dino defende Moraes após sanção dos EUA e diz que STF respalda o ministro
Por Wendal Carmo
Investidor defendido por Magnitsky diz que Moraes não se enquadra em lei usada por Trump
Por Wendal Carmo