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Banco central dos EUA resiste à pressão de Trump e mantém taxa de juros

O Fed afirmou ainda que o crescimento econômico ‘moderou’, mas a incerteza permanece elevada

Banco central dos EUA resiste à pressão de Trump e mantém taxa de juros
Banco central dos EUA resiste à pressão de Trump e mantém taxa de juros
O presidente dos EUA. Donald Trump. Foto: Allison Robbert/AFP
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O Federal Reserve (Fed, banco central) dos Estados Unidos manteve, nesta quarta-feira 30, as taxas de juros inalteradas pela quinta vez consecutiva, em um novo desafio à pressão do presidente Donald Trump para reduzi-las. Dois governadores do Fed, porém, foram contrários e queriam baixá-las.

Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que a instituição ainda pode se dar ao luxo de esperar para entender melhor a trajetória da economia americana antes de alterar os juros.

Ele acrescentou que ainda existem “muitas, muitas incertezas” a serem resolvidas quanto ao impacto da nova onda de tarifas impostas pelo governo Trump a produtos que entram nos Estados Unidos.

As taxas básicas, fundamentais para o custo dos créditos e com forte repercussão nos mercados, permanecem no mesmo nível desde dezembro, em um intervalo entre 4,25% e 4,50%.

Os investidores já previam essa decisão. Após ouvirem Powell, deduziram que provavelmente também não haverá mudanças em setembro.

Divergências

Dos doze membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), dois votaram contra a decisão — algo inédito em mais de 30 anos.

Michelle Bowman e Christopher Waller divergiram. O comunicado especifica que ambos defenderam uma redução de um quarto de ponto percentual nas taxas.

Ambos os governadores chegaram aos seus cargos durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca, entre 2017 e 2021.

Bowman foi nomeada recentemente, por iniciativa do próprio Trump, como vice-presidente do Fed encarregada da supervisão do sistema bancário, e acredita-se que Waller possa suceder Jerome Powell, duramente criticado por Trump.

Questionado sobre as divergências, Powell afirmou que cada membro expressou suas opiniões durante uma reunião satisfatória e que não era surpreendente haver visões diferentes, dado o contexto.

Analistas apontaram que a última vez em que dois governadores (e não apenas membros votantes do FOMC) divergiram em uma reunião desse tipo foi em 1993.

Alta de preços

O Fed prevê que as novas tarifas vão desacelerar o crescimento econômico, aumentar a inflação e elevar o desemprego.

No comunicado, a instituição informou que o crescimento dos Estados Unidos desacelerou no primeiro semestre de 2025, embora o mercado de trabalho siga sólido, com baixa taxa de desemprego.

Durante a coletiva, Powell afirmou que as tarifas estão pressionando os preços de alguns produtos.

“Estamos começando a ver os efeitos nos preços dos bens”, que podem ser “mais ou menos” elevados, mas certamente “não serão nulos”, enfatizou Powell.

Trump repetiu nesta quarta-feira que “não há inflação” e voltou a pressionar Powell a cortar os juros.

O presidente republicano tem demonstrado impaciência e já chamou Powell mais de uma vez de “imbecil”, embora tenha sido ele próprio quem o nomeou para o cargo durante seu primeiro mandato.

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