Economia
Fim das negociações e ‘repúdio total’: as reações de aliados de Lula à sanção dos EUA contra Moraes
Donald Trump aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal


A dois dias do início do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, o presidente norte-americano, Donald Trump, aplicou a Lei Magnitsky Global contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Para integrantes do Palácio do Planalto, o movimento representa o fim das negociações pelo adiamento ou pelo cancelamento da taxa de 50% sobre produtos brasileiros comprados pelos EUA.
A avaliação no governo Lula (PT) é que as razões para a sobretaxa são estritamente políticas, não econômicas, e que para resolvê-las o Brasil teria de se dobrar à vontade de Trump de aliviar para Jair Bolsonaro (PL) e os golpistas de 8 de Janeiro. A nova taxa entrará em vigor nesta sexta-feira 1º.
O entendimento já era compartilhado pela comitiva de senadores nos Estados Unidos, que viram a “cláusula Bolsonaro” como imprescindível para a revogação do tarifaço.
Nas redes sociais, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), saiu em defesa de Moraes. Disse que a ação do governo Trump é um “ato violento e arrogante”. “Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro ao País. Nenhuma Nação pode se intrometer no Poder Judiciário de outra. Solidariedade ao ministro e ao STF. Repúdio total do governo Lula a mais esse absurdo.”
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a medida é “gravíssima e vergonhosa, que afronta a soberania do Brasil e a independência do nosso Judiciário”. “Trata-se de uma retaliação inaceitável, articulada por setores da extrema-direita internacional em conluio com os traidores da Pátria. O Brasil não se curvará!”, escreveu, em nota oficial.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou: “O Brasil não se curvará a pressões ilegítimas que tentam macular a honra e diminuir a grandeza de nossa nação soberana”.
Messias declarou ainda que o Estado brasileiro tomará todas as medidas adequadas para proteger sua soberania e a autonomia do Poder Judiciário, “de forma ponderada e consciente, nos fóruns e momentos adequados”.
O primeiro vice-líder do governo, deputado Alencar Santana (PT-SP), afirmou: “Ao insistir em decisões autoritárias unilaterais, baseadas em relações pessoais de Trump que não têm qualquer relação com os interesses do país, o atual governo dos Estados Unidos corrói ainda mais a combalida imagem do país como referência de democracia, que já foi, e pavimenta o caminho para se tornar uma tirania autocrática”.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) declarou: “O Brasil não será pautado por interferências externas. Não somos colônia de ninguém”.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) declarou que a ação norte-americana é “inaceitável”.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) afirmou que Donald Trump tenta proteger Bolsonaro ao usar a Lei Magnitsky de forma seletiva.Já a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse que a medida integra “uma série de tentativas de interferência política e econômica no Brasil”.
A reação também partiu do BNDES. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, declarou ser inaceitável que “um governo estrangeiro tente interferir no Poder Judiciário brasileiro por meio pressões de qualquer tipo, especialmente com a punição a ministros da nossa Suprema Corte”.
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