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A nova mensagem da China à América Latina em meio à tensão com Taiwan

‘O mais sensato seria reconhecer para onde os ventos estão soprando’, diz porta-voz das Relações Exteriores de Pequim

A nova mensagem da China à América Latina em meio à tensão com Taiwan
A nova mensagem da China à América Latina em meio à tensão com Taiwan
Xi Jinping, presidente da China. Foto: Handout / KAZAKHSTAN'S PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, dirigiu nesta quarta-feira 30 um recado contundente aos “aliados diplomáticos” do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, na América Latina.

“Esperamos que esses chamados ‘aliados’ não continuem a se deixar influenciar ou instrumentalizar pelas forças pró-independência”, disse o porta-voz. “O mais sensato seria reconhecer para onde os ventos estão soprando, mudar de rumo e tomar, o quanto antes, a decisão que acompanha o sentido histórico e atende aos interesses duradouros da população.”

A declaração foi feita durante a coletiva de imprensa diária do ministério, em resposta a uma pergunta da agência estatal chinesa Xinhua sobre relatos de que Lai teria cancelado uma viagem à América Latina após os Estados Unidos supostamente negarem uma escala em Nova York — o que, segundo o jornal Financial Times, teria ocorrido por pressão de Pequim.

Embora o gabinete de Lai não tivesse confirmado a viagem, o Paraguai — único país da América do Sul a manter relações diplomáticas com Taiwan — havia anunciado que receberia o presidente em agosto. A passagem por Nova York ocorreria nesse contexto. Na terça-feira 29, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan negou qualquer impedimento à entrada de Lai nos EUA e afirmou que ele não tinha planos imediatos de viajar ao exterior.

Democrata de peso, a ex-presidenta da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi reagiu e disse que a notícia “envia uma mensagem perigosa”. Em 2022, uma visita de Pelosi a Taiwan provocou ampla indignação na China.

Isolamento diplomático e pressão militar

A China considera Taiwan uma província rebelde e rejeita que outros países tenham relações diplomáticas com a ilha, que tem um governo autônomo. “É preciso reforçar: o princípio de uma só China não é apenas uma formalidade diplomática, mas uma norma básica das relações internacionais, respaldada por um amplo consenso global”, disse o porta-voz. “É nessa direção que caminham a história e a opinião pública. As provocações separatistas do governo de Lai Ching-te não levarão a lugar algum, tampouco abalarão o firme compromisso internacional com o princípio de ‘uma só China'”.

Ao longo dos últimos anos, esse isolamento diplomático vem se aprofundando. A Nicarágua, em 2021, e Honduras, em 2023, cortaram laços com Taipei e passaram a reconhecer a China. O número de países que mantêm relações oficiais com Taiwan encolheu para pouco mais de uma dezena.

As tensões também se manifestam no campo militar. Todos os anos, as autoridades taiwanesas organizam exercícios do tipo e manobras militares.Em 17 de julho, por exemplo, sirenes antiaéreas soaram na capital Taipé e a população buscou refúgio em bunkers subterrâneos, parte de um exercício para preparar a ilha para um eventual ataque chinês. A China, de fato, não descarta utilizar a força para tomar a ilha.

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