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Aplicativos substituem gerente de banco como fator de lealdade, diz pesquisa

Estudo revela queda na influência dos gerentes e crescimento da confiança em apps e sites como fonte de orientação financeira

Aplicativos substituem gerente de banco como fator de lealdade, diz pesquisa
Aplicativos substituem gerente de banco como fator de lealdade, diz pesquisa
Pesquisa revela que aplicativos substituem o gerente bancário como fator de lealdade no Brasil
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No Brasil, 79% dos clientes bancários deixaram de recorrer aos gerentes como fonte principal de educação financeira. Em vez disso, passaram a confiar nos aplicativos e sites das próprias instituições. A constatação vem de uma pesquisa do Nubank, que também aponta que 66% dos entrevistados esperam receber recomendações de investimentos diretamente das plataformas digitais.

A análise é reforçada por estudos da Galileo Financial Technologies. Segundo a empresa, a mudança no comportamento do consumidor exige que os bancos reformulem suas estratégias. A fidelidade, antes sustentada pela relação direta com gerentes, agora depende de experiências digitais intuitivas, personalizadas e mais conectadas com o cotidiano do usuário.

Interações digitais moldam nova lealdade

Segundo o Head de Desenvolvimento de Negócios da Galileo no Brasil e na Colômbia, Abdul Assal, a digitalização não deve se limitar a automatizar serviços. “Os brasileiros procuram orientação financeira ativa e personalizada por meio dos aplicativos, sem abrir mão do aspecto humano”, afirma.

Com a redução do vínculo com os bancos tradicionais, os clientes estão mais dispostos a diversificar suas relações financeiras. Um estudo da Accenture mostra que 73% dos brasileiros interagem com mais de uma instituição bancária. Além disso, 58% contrataram serviços financeiros de novos fornecedores no último ano.

Mensagens instantâneas também ganham espaço

Outro levantamento, realizado pela empresa Gupshup, especializada em comércio conversacional, revela que 50,8% dos brasileiros se sentem mais confortáveis negociando preços por mensagens instantâneas do que pessoalmente. A tendência reforça a importância das interações digitais diretas, mesmo para temas mais sensíveis como finanças.

Para Abdul Assal, oferecer ferramentas digitais deixou de ser um diferencial. “A digitalização transformou o relacionamento bancário em algo mais transacional. Para manter a fidelidade, é necessário criar experiências marcantes e conectadas.”

Nova estratégia de relacionamento com o cliente

Segundo a Galileo, o celular tornou-se o principal ponto de contato entre bancos e consumidores. No Brasil, 96,9% da população usa smartphones. O país ocupa a segunda posição global em tempo médio de uso diário: 9 horas e 32 minutos.

Essa realidade reforça a ideia de que os aplicativos precisam se tornar protagonistas na construção da lealdade. A Galileo propõe uma abordagem chamada “Gostanomics”, baseada em quatro pilares: necessidade, incentivo, status e engajamento.

Ao usar o aplicativo como plataforma central da experiência, bancos podem entregar funcionalidades que vão além da gestão financeira. Um exemplo citado é o uso de recompensas gamificadas, metas personalizadas de economia e benefícios exclusivos, que elevam o status do usuário e tornam o uso mais fluido e recorrente.

Clientes exigem atendimento mais rápido e integrado

A pressão sobre os bancos aumenta com novas expectativas. Segundo a Galileo, 72% dos clientes esperam atendimento imediato, e 70% desejam que qualquer atendente tenha acesso completo ao histórico do usuário, independentemente do canal.

Para responder a esse cenário, as instituições precisam transformar suas operações. O desafio é integrar tecnologia e personalização para construir uma relação duradoura com o cliente. Como conclui Abdul, “os bancos que abraçarem essa nova lógica de relacionamento digital terão mais chances de conquistar lealdade real ao longo do tempo”.

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