Economia

Sem citar tarifaço, Motta fala em reação ‘serena, mas firme’ via Lei de Reciprocidade

O presidente da Câmara disse que o Congresso tem profunda preocupação com o uso de medidas comerciais para a ingerência de assuntos internos

Sem citar tarifaço, Motta fala em reação ‘serena, mas firme’ via Lei de Reciprocidade
Sem citar tarifaço, Motta fala em reação ‘serena, mas firme’ via Lei de Reciprocidade
O presidente da Câmara, Hugo Motta, em discurso na ONU, em Genebra. Foto: Reprodução ONU
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta terça-feira 29 que o Brasil está preparado para responder a práticas comerciais discriminatórias contra seus produtos. 

Embora tenha evitado citar diretamente o pacote anunciado por Donald Trump, Motta mencionou a aprovação da Lei de Reciprocidade Econômica como ferramenta legítima para proteger os interesses nacionais diante de medidas unilaterais.

 “Com ela, o Brasil tem ferramentas adequadas para responder a práticas discriminatórias em relação aos produtos brasileiros”, afirmou. Ele classificou essas medidas como uma resposta “serena, mas firme”, reiterando a “profunda preocupação” do Congresso com o uso de sanções comerciais como instrumento de ingerência em assuntos internos de outros países.

A declaração, feita durante a 6ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamento da ONU, em Genebra, ocorre num momento de escalada da oposição bolsonarista contra Motta. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente os mais próximos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm defendido abertamente que os Estados Unidos imponham sanções pessoais contra os presidentes da Câmara e do Senado, incluindo a revogação de vistos diplomáticos – estratégia semelhante à aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A motivação declarada é a insatisfação com o papel desempenhado por Motta e Davi Alcolumbre (União-AP) em relação à tramitação da anistia aos réus do 8 de Janeiro – e à resistência em pautar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo. A ala radical acusa ambos de serem coniventes com a “censura” promovida pelo Judiciário e de atuarem contra a “liberdade de expressão”.

Na ONU, Motta adotou tom institucional e defendeu o papel dos parlamentos. “Temos de ser também os arquitetos de um futuro em que a razão deve prevalecer sobre a força, em que o entendimento deve substituir a confrontação”, declarou, em aparente recado a ações unilaterais como as anunciadas por Trump.

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