Economia
Ex-chefe do Banco Mundial vê Brasil como exemplo contra chantagens de Trump
Joseph Stigliz, também vencedor do Nobel de Economia, elogiou Lula e disse que espera postura semelhante de outros líderes globais


O economista Joseph Stiglitz, que foi chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000 e venceu o Prêmio Nobel de Economia em 2001, elogiou a postura do Brasil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) frente ao tarifaço de Donald Trump e defendeu que outros líderes mundiais tomem posturas semelhantes.
Em um artigo publicado no site Project Syndicate na segunda-feira 28, Stiglitz afirma que o Brasil “optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito, mesmo com os Estados Unidos aparentemente renunciar à sua própria Constituição”.
No texto, o economista comparou o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021 ao quebra-quebra bolsonarista na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, e destacou que, diferente do que ocorreu nos EUA, “as instituições brasileiras ficaram firmes”.
Para Stiglitz, as posturas de Lula e a da China, que não cederam às pressões de Trump, devem ser seguidas por outros líderes diante das ‘chantagens’ do presidente dos EUA.
“Lula defendeu a soberania de seu país não apenas no âmbito comercial, mas também na regulamentação das plataformas tecnológicas controladas pelos Estados Unidos. Os oligarcas da tecnologia dos EUA usam seu dinheiro e influência em todo o mundo para tentar forçar os países a lhes darem carta branca para perseguir suas estratégias de maximização de lucro, o que inevitavelmente causa enormes prejuízos, inclusive servindo como um canal de desinformação e informação enganosa”, escreveu o economista.
Comentários de Krugman
Stiglitz não é o primeiro Nobel de Economia a se manifestar de forma crítica sobre a postura de Trump em relação ao Brasil. O economista Paul Krugman, que venceu o prêmio em 2008, defendeu o impeachment do presidente dos EUA após a taxação ao Brasil.
Em outro artigo, Krugman fez elogios ao desenvolvimento do Pix – alvo de investigação trumpista – e disse que o sistema brasileiro é ‘o futuro do dinheiro’.
Na mesma toada, o cientista político Stephen Levitsky — coautor de Como as Democracias Morrem e, mais recentemente, de A Tirania da Minoria (2024) — cravou que “o Brasil é hoje mais democrático que os Estados Unidos”, justamente porque respondeu com firmeza ao 8 de Janeiro, diferentemente da reação vacilante americana às invasão do Capitólio. A declaração foi dada em entrevista à BBC Brasil.
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