Do Micro Ao Macro

De MEI para ME: o que todo empreendedor precisa saber ao crescer

Transição envolve novas obrigações fiscais, reorganização da gestão e maturidade para sustentar o avanço do negócio

De MEI para ME: o que todo empreendedor precisa saber ao crescer
De MEI para ME: o que todo empreendedor precisa saber ao crescer
Ele está de volta! Veja como evitar erros comuns na declaração do Imposto de Renda 2025
Apoie Siga-nos no

A formalização como Microempreendedor Individual (MEI) tem sido a porta de entrada para milhões de brasileiros que desejam empreender com autonomia e menos burocracia. No entanto, quando o negócio avança, o crescimento exige uma transição inevitável: deixar de ser MEI e se tornar uma Microempresa (ME). Essa mudança representa mais do que uma alteração no porte jurídico — ela impõe novas obrigações fiscais, reestruturação na gestão e preparo emocional por parte do empreendedor.

Segundo pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV, 63% dos MEIs demonstram otimismo com seus negócios em 2025, o que reforça a importância de se preparar para essa virada. “Crescer é motivo de celebração, mas também exige planejamento e atenção”, afirma Luana Bispo, líder contábil da Agilize Contabilidade.

Quando a mudança é obrigatória

A transição do MEI para ME ocorre, principalmente, quando o faturamento anual ultrapassa R$ 81 mil, quando há interesse em contratar mais de um funcionário ou quando o empreendedor decide atuar em atividades não permitidas na categoria de microempreendedor. “Nesses casos, o reenquadramento é obrigatório e deve ser feito de forma estratégica, para evitar autuações e custos retroativos”, orienta Luana.

No novo enquadramento, o empreendedor passa a operar no Simples Nacional com alíquotas progressivas, deve emitir nota fiscal para pessoas físicas, apresentar obrigações acessórias mensais e manter controle contábil mais detalhado.

Mais do que mudança jurídica, mudança de postura

Mas nem todos os desafios são técnicos. A psicóloga e psicanalista Karine Pithon explica que a migração de MEI para ME também exige maturidade emocional. “É um processo que reestrutura a identidade do empreendedor. Aumentam as responsabilidades, cresce a necessidade de delegar, e muitas vezes surgem medos inconscientes — de fracassar, de perder a liberdade ou de não corresponder às expectativas”, afirma.

Segundo ela, muitos empreendedores revivem, nesse momento, cobranças antigas e padrões de autocobrança. “Crescer exige autoconhecimento, consciência dos próprios limites e uma nova relação com o sucesso”, complementa.

Organização financeira e suporte técnico

Para atravessar essa fase com segurança, é recomendável manter o faturamento monitorado mês a mês, ter a documentação sempre em ordem e contar com suporte contábil desde o início. “A contabilidade online tem sido aliada importante ao oferecer ferramentas de controle financeiro e orientação acessível, reduzindo riscos e facilitando a gestão”, afirma Luana.

Ela destaca que erros comuns, como atrasos na entrega de declarações ou escolha inadequada do regime tributário, podem comprometer o caixa da empresa por longos períodos. “A transição deve ser acompanhada de um plano claro para sustentar o crescimento com regularidade.”

Impacto além do CNPJ

A formalização como ME também amplia o papel do empreendedor na economia. De acordo com dados do Caged, nos primeiros quatro meses de 2025, micro e pequenas empresas foram responsáveis por 546.833 contratações formais, cerca de 60% das vagas criadas no período. Ao avançar de categoria, o empreendedor passa a contribuir com maior arrecadação e pode ampliar sua capacidade de contratar e investir.

“Profissionalizar não é abrir mão da liberdade de empreender. É garantir condições para que o negócio se expanda com saúde. Crescer, antes de tudo, é um posicionamento diante de si mesmo e do mercado”, conclui Karine.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo