Economia
A 4 dias do tarifaço, Brasil aposta no diálogo, mas já prepara plano de contingência
O governo Lula mantém a pressão diplomática e diz ter estratégia pronta caso negociações fracassem


A quatro dias da entrada em vigor do tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump, o Brasil mantém o foco no diálogo diplomático com os Estados Unidos, mas já tem um plano de contingência em andamento para mitigar os impactos da medida, que pode afetar diretamente setores industriais e do agronegócio.
O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta segunda-feira 28 que o governo está mobilizado para evitar a aplicação das tarifas de 50%. Segundo ele, “todo o empenho agora nesta semana é para resolver o problema”, reforçando que as tratativas com Washington seguem ativas “por canais institucionais e com a devida reserva”.
Alckmin explicou que o diálogo com os Estados Unidos começou em março, incluindo uma videoconferência com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick. Como resultado, houve a criação de um grupo de trabalho bilateral, que funcionou até 4 de julho, feriado americano. Em maio, os EUA solicitaram uma carta formal com propostas brasileiras, enviada em caráter confidencial — segundo o vice-presidente, contudo, ainda não chegou uma resposta oficial.
Apesar disso, o governo não está parado. “Contingência é um plano que está sendo elaborado, bastante completo, bem feito”, declarou Alckmin durante entrevista no Palácio do Planalto. “Mas todo o nosso esforço está voltado, neste momento, para o entendimento.”
Além dos esforços domésticos, o Itamaraty também está em campo. Em Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou a disposição brasileira de negociar. Do outro lado do mundo, a China demonstrou apoio ao Brasil. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês criticou as medidas unilaterais dos EUA e declarou que “guerras tarifárias não têm vencedores”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

O que diz o governo da China sobre ajudar o Brasil após o tarifaço de Trump
Por CartaCapital
Missão do Senado nos EUA não deve barrar o tarifaço, mas busca canal direto com o Congresso dos EUA
Por Vinícius Nunes